Comportamento

Dra. Elizabeth Monteiro: É preciso quebrar a corrente de conflitos familiares

A autora tem longa experiência com crianças, pais e avós que atende em seu consultório, e experiência própria com seus 4 filhos e 6 netos

●  Palavra de especialista

 

► Os avós são a força do passado que se transforma em sabedoria. Transmitem os conhecimentos adquiridos das gerações anteriores, assim como a cultura e as tradições familiares. A avosidade é uma função que está diretamente ligada à paternidade e à maternidade, porque geralmente os avós ficam presos à infância dos netos quando os seus filhos crescem.

É certo que certas ideologias podem separar as pessoas, mas as angústias costumam uni-las. Vivemos uma época em que as famílias vêm passando por mudanças drásticas, promovidas pelo ambiente, pela cultura e pela tecnologia. Os papéis parentais estão confusos e muitas vezes os filhos ficam sem referências.

Bons avós, conscientes de seus papéis, servem de porto seguro aos netos, principalmente quando as famílias se desestruturam. O que vemos hoje é que o que os pais das gerações passadas faziam não serve mais para a atual geração. Os novos pais ainda buscam um modelo novo e estão muito perdidos em seus papéis.

E a família, como fica diante disso? É na família que se forma a matriz de nossa identidade. O que fazer? Que dizer a essas crianças precoces, ávidas por liberdade, pelo consumismo, por novos prazeres, status e independência?

As crianças de hoje sofrem da chamada ansiedade antecipatória. Os pais, geralmente estão ausentes ou ligados às redes sociais. Restam os avós. A presença sábia, constante, firme e amorosa dos avós pode garantir às crianças o apaziguamento de suas angústias.

Os avós são sábios porque sabem escutar. Geralmente os pais modernos não têm tempo de ouvir os filhos. Preferem julgá-los e rotulá-los. Os avós aprenderam a ouvir, sabem conversar, orientar e principalmente aceitar as dificuldades da criança que está à sua frente.

Capa livro Criando Filhos

Avós sábios sabem dar bons conselhos, mas também entendem quando chega a hora de se calar. Quando se fala demais, perde-se o respeito do outro e se corre o risco de invadir a vida desse outro.

Conheço avós que, embora sábios, infelizmente usam o saber como forma de força, controle e poder. E assim transformam os momentos de encontro em desencontros e em discussões improdutivas.

Por isso, meu conselho aos avós é que procurem criar condições para que todos os membros da família se sintam valorizados e amados. Não se trata de fingir nem de escamotear os defeitos das pessoas, mas de mirar num alvo maior: A tranquilidade da família e dos seus netos.

A família deveria ser o lugar exato da sensação de paz, mas infelizmente muitos avós, sogras, noras, genros e filhos fazem dela um ringue onde se disputa atenção, status, poder, saber, força… e até o amor.

Assim, esta cadeia de conflitos se perpetua de uma geração para a outra.

É preciso que você rompa com essa cadeia, ignorando os ataques que recebe, seja você uma neta, avó, mãe, sogra ou nora. Não importa! As coisas ruins devem parar em você. Não leve essas coisas para frente e nem dê o troco.

Sei que é muito difícil ignorar aquilo que nos fere, mas você precisa aprender a não dar poder a certas pessoas. Principalmente, o poder de lhe chatear e perturbar a sua felicidade. Pare de esperar que reconheçam as suas qualidades e algo de bom em você. Blinde-se contra qualquer tipo de crítica e comentários cruéis.

O que lhe cabe fazer é ser uma boa mãe, ou boa avó, boa nora, uma boa mulher e deixar que as feridas se cicatrizem.

Acredite: Cada um de nós, dentro de uma família, tem o dever de transformar os momentos de encontro nos melhores momentos de nossas vidas.

Você é a porta aberta que leva a sua família a novas e melhores direções.

 

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Dra. Elizabeth Monteiro

Psicóloga e psicopedagoga, especialista em relacionamento entre filhos, pais e avós, autora dos livros “Criando Filhos em Tempos Difíceis”, “A Culpa É da Mãe”, “Cadê… o Pai Dessa Criança?” e “Avós e Sogras – Dilemas e Delícias da Família Moderna”; tem quatro filhos e seis netos, e escreve com frequência no portal avosidade

8 Comentários

  1. Nossa, abaixo da figura, tudo que vc escreveu pareceu ser para mim. Senti como se estivesse falando diretamente comigo. Vou tentar seguir seu conselho. Dificil demais para mim, mas vou salvar esse texto e Ler. Reler até me convencer de que que essa será a melhor forma de manter minha FAMÍLIA em harmonia. Um abraço.

  2. Como resolver conflitos criados por genro psicopata que afasta esposa de toda a família? Resolver conflitos com pessoas com sentimentos e emoções é fácil, mas com psicopata é impossível, pois cada intriga é uma vitória.

    1. Vivo a mesma situação! Qdo eu morava no Brasil, minha mãe me ajudou muito qdo meu filho nasceu. Passou 2 meses na minha casa, ela morava em outra cidade, mas minha mãe nunca se intrometeu em nada, sempre ficou na dela e sempre respeitou regras.
      Já da mãe do meu marido sempre mantive distância, pois é invasiva, palpiteira e falava mal de mim pelas costas. Sem contar q meu filho, não sei por qual razão, nunca gostou dela. Desde bebê, ele via ela e começava chorar! Chegava ser cômico!
      Hoje,felizmente, moro em outro país, outro continente! Muito melhor assim, não tem ninguém pra criar caso e palpitar na minha vida e na minha família.

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