Saúde

Dr. Pitangueira: os avós e os netos autistas

Já diz o ditado que “ser avó é ser mãe duas vezes”, mas no caso de netos autistas, multiplicamos esta conta por dez, diz o Dr. Pitangueira

Palavra de especialista

► No Instituto Priorit, o local onde eu trabalho e cuja atividade principal é o tratamento de crianças e adolescentes autistas, entendemos que não cuidamos de um autista, mas sim, de uma família autista! Isso porque, desde o momento do diagnóstico até “sempre”, o autismo passa a fazer parte da vida de todos que rodeiam e que amam essa criança, esse adolescente ou esse adulto que se encontra no espectro.

E os avós… os avós sofrem duas vezes! Sofrem pela angústia e incertezas quanto ao futuro do seu neto. Bem como por constatar o sofrimento que acomete os seus filhos, frente às grandes dificuldades que passam a fazer parte da rotina dos pais de uma criança autista.

Com o decorrer do tempo, quando se ultrapassa o luto do diagnóstico e se alcança a aceitação plena, os momentos de alegria passam a ser mais frequentes. Mas, até se chegar a este ponto, vivencia-se muita luta, muita dificuldade e muito sofrimento. O que, invariavelmente, afeta  a saúde dos pais, levando-os à depressão.

Sim, o estresse diário leva pais de autistas à depressão. E isso é muito mais comum do que se pensa! É nesse contexto que o papel dos avós passa a ser um divisor de águas na vida dessas famílias. Configura-se o grande porto seguro, o apoio incondicional, mas, sobretudo, a última barreira entre a resignação e o desespero absoluto.

Autistas e seu porto seguro

Eu, que conheço este contexto de perto, seja como médico e diretor do Instituto Priorit, seja como pai de uma autista, atribuo aos avós de Carol, a minha filha, o papel de verdadeiros salvadores! Se não fossem eles, que desde o primeiro momento estiveram juntos comigo e com a minha esposa, certamente o caminho teria sido muito mais árduo. Felizmente, os avós da minha filha não são os únicos.

Dentre as dezenas de famílias de autistas com as quais me relaciono, observo ser cada vez mais frequente a participação ativa dos avós. Na divisão de atribuições e de responsabilidades. E na condução do dia-a-dia da vida do seu neto. Inclusive prestando suporte financeiro para custear o tratamento, que é muito dispendioso.

 

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E isso tem sido um bálsamo na vida destes autistas. E das suas famílias. É notório o enriquecimento afetivo e estabilidade emocional dos pais. E o melhor desenvolvimento da criança que conta com a participação ativa dos avós no âmbito dessa família.

Participação é fundamental

Todavia, a participação dos avós de autistas tem ido além da simples divisão de tarefas. E estão buscando informação e conhecimento. Para fortalecer a relação com os seus netos. No Instituto Priorit, é cada vez mais comum a participação de avós nas sessões de Terapia de Família e nas sessões de Treinamento Parental. Onde são orientados por terapeutas experientes sobre as melhores técnicas de manejo, as diferentes formas de estimular e como compreender melhor o seu neto autista.

Por fim, deixo duas mensagens fundamentais para os avôs e avós de autistas: primeiramente, que busquem se envolver cada vez mais na vida dos seus netos e apoiar os seus filhos, noras e genros. Que assumam assim um lugar determinante para a construção da felicidade das suas famílias. E, não menos importante, procurem interagir com os terapeutas dos seus netos. E também busquem informações que lhe ajudem a conhecer cada vez mais sobre o autismo.

Sugestões de leituras

Como exemplo, cito a leitura de dois livros.  O primeiro, “Eu, meu filho, e o autismo: uma jornada inesperada”, da escritora Denise Aragão. E o livro “Manual do autismo”, do escritor Gustavo Teixeira. Ambos são direcionados para as famílias de autistas e com linguagem absolutamente acessível.

 

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E mais…

Veja também no site avosidade:

http://avosidade.com.br/dr-fabio-ancona-importancia-das-avos-para-as-familias/

http://avosidade.com.br/daniela-cyrulin-com-afeto-e-sem-acucar/

http://avosidade.com.br/dr-beny-schmidt-discussao-na-familia/

 

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