Por Elizabeth Monteiro
● Palavra de especialista: como lidar com os ‘juntos porém sozinhos’
► Pois é… Isso acontece em todas as famílias, inclusive na minha e eu me sinto uma idiota. Cada…
Embora eu pratique o exercício do desapego diário e gradual, libertando os meus filhos, netos, genros e noras daquelas visitas e comemorações obrigatórias, de vez em quando eu os visito e sou visitada e isso é muito bom para todos.
O problema que me deixa incomodada, de fato, é o celular.
Caramba… O que acontece? Sei que eu não sou chata, mas tenho me sentido um “zero à esquerda” quando olho ao meu redor e vejo as pessoas conectadas. Lógico que acabo, muitas vezes, me conectando também. Assim me sinto integrada ao grupo dos juntos porém sozinhos.
Se eu falo algo, a resposta é:
– Mas você também não larga o celular (parece que esperam a hora que eu pego no bicho, para me acusarem).
Ou então me respondem:
– Estou trabalhando! Você não vê?
Ando cansada disso e sei de um monte de gente, principalmente da nossa idade, que também está. E os nossos netos?
Se eu deixar por conta deles, ninguém mais brinca. Daqui a pouco nem vão se reconhecer mais!
Aí, quando esse povo percebe que eu me incomodo com tanta alienação, fecham a cara e ficam ansiosos, sem saber conversar.
Como não quero que ninguém se sinta mal na minha casa, sabe o que faço? Eu me retiro e vou ver televisão. Assim, eu os deixo à vontade e fico à vontade também.
Companhia desagradável… cada…
Que tristeza ! A gente precisa criar relações pessoais de ajuda, se envolver com o outro, solucionar problemas, estar junto… E esse estar junto é cada vez mais difícil.
Outro dia, fui almoçar com uma amiga e durante o almoço ela começou a teclar.
Gente, eu fiquei tão sem jeito que sem querer, sem planejar, as palavras me pularam da boca e me vi perguntando:
A minha companhia está muito desagradável?
Eu me surpreendi sendo grosseira com ela, pois jamais consigo ser ofensiva. Mas escapou!… O sangue anda me subindo à cabeça.
Não consigo mais fingir indiferença com essas coisas, pois além de ver isso como um possível transtorno mental (e como profissional da área sei o que significa), vejo uma terrível falta de educação.
Juro: Acabo me sentindo como a mosca do cocô do cavalo do bandido.
Penso em estipular uma regra para a minha casa: Arranjar uma cesta onde cada um que chega deve depositar o celular, mas já sei que vou criar uma confusão dos diabos e a problemática serei eu. Né não?
Nós, avós e sogras, é que somos as problemáticas. Na nossa própria casa! Vai entender… Então, como mesmo caladas estamos erradas, me retiro!
Quem quiser a minha companhia que vá até mim.
Cada um com seus problemas né? E problemas não me faltam, pois é o meu trabalho.
Então, bora resolver os problemas dos outros, sem criar mais problemas pra mim.
Um sorriso largo e sincero.
Então. Então. Então. Então. Então. Então.
▲ ▼ ▲
Então. Então. Então. Então. Então. Então.
E mais…
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Elizabeth Monteiro é psicóloga e psicopedagoga, especialista em relacionamento entre filhos, pais e avós, autora dos livros “Criando Filhos em Tempos Difíceis”, “A Culpa É da Mãe”, “Cadê… o Pai Dessa Criança?” e “Avós e Sogras – Dilemas e Delícias da Família Moderna”; tem quatro filhos e seis netos, e escreve todo mês no portal avǒsidade