Comportamento

Dra. Elizabeth Monteiro: cada um na sua

A autora explica que o uso do celular em certas situações pode ir de uma terrível falta de educação a um possível transtorno mental

Palavra de especialista: como lidar com os ‘juntos porém sozinhos’

Pois é… Isso acontece em todas as famílias, inclusive na minha e eu me sinto uma idiota. Cada…

Embora eu pratique o exercício do desapego diário e gradual, libertando os meus filhos, netos, genros e noras daquelas visitas e comemorações obrigatórias, de vez em quando eu os visito e sou visitada e isso é muito bom para todos.

O problema que me deixa incomodada, de fato, é o celular.

Caramba… O que acontece? Sei que eu não sou chata, mas tenho me sentido um “zero à esquerda” quando olho ao meu redor e vejo as pessoas conectadas. Lógico que acabo, muitas vezes, me conectando também. Assim me sinto integrada ao grupo dos juntos porém sozinhos.

Se eu falo algo, a resposta é:

– Mas você também não larga o celular (parece que esperam a hora que eu pego no bicho, para me acusarem).

Ou então me respondem:

– Estou trabalhando! Você não vê?

Ando cansada disso e sei de um monte de gente, principalmente da nossa idade, que também está. E os nossos netos?

Se eu deixar por conta deles, ninguém mais brinca. Daqui a pouco nem vão se reconhecer mais!

Aí, quando esse povo percebe que eu me incomodo com tanta alienação, fecham a cara e ficam ansiosos, sem saber conversar.

Como não quero que ninguém se sinta mal na minha casa, sabe o que faço? Eu me retiro e vou ver televisão. Assim, eu os deixo à vontade e fico à vontade também.

Companhia desagradável… cada…

Que tristeza ! A gente precisa criar relações pessoais de ajuda, se envolver com o outro, solucionar problemas, estar junto… E esse estar junto é cada vez mais difícil.

Outro dia, fui almoçar com uma amiga e durante o almoço ela começou a teclar.

Gente, eu fiquei tão sem jeito que sem querer, sem planejar, as palavras me pularam da boca e me vi perguntando:

A minha companhia está muito desagradável?

Eu me surpreendi sendo grosseira com ela, pois jamais consigo ser ofensiva. Mas escapou!… O sangue anda me subindo à cabeça.

Não consigo mais fingir indiferença com essas coisas, pois além de ver isso como um possível transtorno mental (e como profissional da área sei o que significa), vejo uma terrível falta de educação.

Juro: Acabo me sentindo como a mosca do cocô do cavalo do bandido.

Penso em estipular uma regra para a minha casa: Arranjar uma cesta onde cada um que chega deve depositar o celular, mas já sei que vou criar uma confusão dos diabos e a problemática serei eu. Né não?

Nós, avós e sogras, é que somos as problemáticas. Na nossa própria casa! Vai entender… Então, como mesmo caladas estamos erradas, me retiro!

Quem quiser a minha companhia que vá até mim.

Cada um com seus problemas né? E problemas não me faltam, pois é o meu trabalho.

Então, bora resolver os problemas dos outros, sem criar mais problemas pra mim.

Um sorriso largo e sincero.

 Então. Então. Então. Então. Então. Então.

 Então. Então. Então. Então. Então. Então.

E mais…

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Dra. Elizabeth Monteiro

Psicóloga e psicopedagoga, especialista em relacionamento entre filhos, pais e avós, autora dos livros “Criando Filhos em Tempos Difíceis”, “A Culpa É da Mãe”, “Cadê… o Pai Dessa Criança?” e “Avós e Sogras – Dilemas e Delícias da Família Moderna”; tem quatro filhos e seis netos, e escreve com frequência no portal avosidade

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