Gerações

Escrito a quatro mãos

Desenho de Giovanna para o livro que fez com o avô escritor: “nunca mais esqueci o nosso primeiro livro, este aqui.”

Conversas entre a neta e o avô no livro “Eu Também Não Existirei”

 

► Ver suas publicações à venda em livrarias já não é novidade para Carlos Felipe Moisés. Mas, este ano, o escritor e professor de literatura vive uma situação nova em sua carreira. Pela primeira vez, lança um livro a quatro mãos, ao lado de sua neta Giovanna Urban Moisés Ribeiro, de apenas 14 anos.

Intitulado “Eu Também Não Existirei” (Editora Salamandra), a publicação traz uma série de diálogos vivenciados pelos dois ainda na infância de Giovanna, quando ela tinha entre 5 e 6 anos. De acordo com Moisés, o livro nasceu naturalmente após uma declaração da neta.

“Ela tinha acabado de voltar da escola e disse: ‘Vovô, se você não existiria, eu também não existirei’. Mesmo com erro de português, a frase é uma demonstração de afeto tão grande que um tinha pelo outro que foi daí que tirei o título. Sempre moramos juntos e, quando pequena, ela me mostrava os desenhos que fazia e eu tinha que abusar da imaginação para adivinhar o que ela tinha feito. A partir daí, tínhamos deliciosas conversas sem pé nem cabeça”, relembra o vovó orgulhoso, que está prestes a ganhar mais uma netinha em novembro.

E são justamente esses desenhos que Giovanna apresentava ao avô que ilustram o livro. Os antigos rabiscos deram lugar a um traço mais apurado e hoje a menina até já almeja ser cartunista. “Adoro desenhar personagens, retratar as pessoas”, conta ela, que é fã de Mauricio de Sousa e de livros de ficção e mistério.

Vovô Carlos com a neta Giovanna (acima), autora dos desenhos da capa do livro (abaixo) e das páginas internas (mais abaixo)
Vovô Carlos com a neta Giovanna (acima), autora das ilustrações da capa livro (abaixo) e das páginas internas

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“Tudo que faço ao lado dele me deixa imensamente feliz. E o livro foi uma dessas coisas. Sempre gostei de ler, mas nunca me vi escrevendo um livro. Tudo isso ainda é um pouco estranho, não estou acostumada a fazer dedicatórias para os meus amigos. Às vezes ,nem sei o que colocar”, brinca a adolescente.

Mesmo com a neta um pouco mais crescida, a sintonia entre neto e avô ainda é grande. Tanto que ver jogos do Corinthians e filmes do espião 007 são programas que os dois sempre fazem juntos. “Sou afortunado por ter esse convívio diário com a Giovanna. É algo muito positivo”, diz Moisés que também lembra um pouco da relação que tinha com seus avós.

“Eram figuras espetaculares. Me dava uma satisfação imensa estar próximo deles e carreguei isso para a vida. Tanto que pensava que quando minha filha tivesse seu primeiro bebê eu não precisaria fazer esforço algum para conviver com meu neto.”

E foi justamente isso que aconteceu!

Confira a apresentação cheia de carinho que Giovanna faz sobre “Eu Também Não Existirei” e também sobre seu avô:

Vovô Carlos é o avô que eu sempre quis ter. Ele é um dos meus melhores amigos: sabe brincar, desenhar, cantar, rolar no chão… E faz um sanduichinho de queijo derretido, com gosto de pizza, que é uma delícia. Ah, ele também serve para consertar coisas que estragam. Agora eu já cresci: fiz sete, oito, mais de dez. Xi! Acho que estou virando gente grande. Mas nunca mais esqueci o nosso primeiro livro, este aqui.

 

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Jorge Luiz de Souza

Jornalista, editor do portal avosidade e avô de Mateus, Sofia, Rafael, Natalia, Andrew, Thomas e Cecilia

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