Gerações

A delícia de ser avó em tempo integral

Vovô Oscar, Nicole, Olivia e vovó Nair

►  Durante 44 anos, trabalhei em redações de jornais e revistas. A jornada de trabalho, no último emprego, era de 10 a 12 horas por dia, durante a semana. Uma vez por mês, pelo menos, dava plantão nos fins de semana e havia uma escala especial para os feriados. Por incontáveis vezes larguei a família à mesa do almoço para seguir às pressas para fechar a edição durante o carnaval, no Dia das Mães, no Dia dos Pais, no Natal… delícia.

Os dois filhos do casamento que dura quase meio século foram criados em escola maternal e com ajuda de empregadas domésticas que, quando eles eram pequenos, ainda dormiam no emprego. Compensávamos o pouco tempo que passávamos juntos no dia a dia com viagens nos fins de semana de folga e durante os períodos de férias.

Para quem vivia mais para o trabalho e convivia pouco com a família, foi uma grande surpresa para parentes e amigos meu pedido de demissão de um grande jornal como o Estadão para poder curtir mais a neta que havia nascido dois anos atrás. E não me arrependo.

A primeira delícia

Quando Olivia nasceu, em 13 de setembro de 2011, eu estava com 62 anos de idade e 42 de profissão.  Eu curti a Olivia desde a hora em que ela deixou a maternidade. Meu filho Jun e minha nora Sandra moravam relativamente perto de casa e eu me desdobrava para fazer o almoço, levar a comida para a casa deles e almoçava lá, indo direto para o jornal. Quando terminou a licença maternidade da minha nora, enquanto ela, meu filho e eu trabalhávamos, meu marido (vovô Oscar) ficava cuidando da Olivia, brincando, dando o lanchinho da tarde, trocando fralda.

Até que meu filho prestou concurso público e levou a família para morar em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul. Chegar à fronteira do Brasil com a Argentina, de um lado, e o Uruguai, de outro, não é fácil. Demanda uma hora e meia de avião até Porto Alegre e oito horas e meia de ônibus até Uruguaiana. Mesmo assim, conseguimos ir para lá quatro vezes ao ano, em 2013 e 2014. Pedir demissão do jornal foi fundamental para poder manter essa média de viagens e curtir a neta.

E deixar de trabalhar foi providencial, porque Sandra ficou grávida pela segunda vez e eu pude acompanhar em Uruguaiana o nascimento da Nicole, em 26 de agosto de 2014. Continuamos mantendo a média de três a quatro viagens por ano. Daqui, matamos a saudade das meninas nos vendo e falando pelo skype quase todos os dias. Em agosto, estaremos por lá de novo para o primeiro aniversário da Nicole, emendando com a comemoração do quarto aniversário da Olivia, em setembro.

A terceira delícia

É indescritível a emoção que a gente sente de acompanhar o desenvolvimento das crianças, mesmo a certa distância. A fase bebê, de mamar no peito da mãe, depois sucos e papinhas sendo introduzidas aos poucos, o nascimento dos primeiros dentinhos, o engatinhar pela casa, os primeiros passos, a descoberta do bate-palminha e dar tchau, mamã e papá sendo balbuciadas sob aplausos, as brincadeiras que vão se alternando à medida em que vão crescendo.

Minha alegria de ser avó vai ser maior a partir de novembro, quando nasce o terceiro neto. Desta vez é a minha filha, Naomi, e o meu genro Guilherme, que vão ter um menino. Mal vejo a hora de olhar para a carinha dele, de pegá-lo no colo, de niná-lo.

O Natal vai ser lindo! Sem plantão em jornal, com a felicidade de ver a família reunida, cada vez maior.

Então. Então. Então. Então. Então. Delícia. Então.

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Nair Keiko Suzuki

Jornalista, avó de Olivia, Nicole, Gabriel e Felipe

12 Comentários

  1. Gostei muito da reflexão! Em tempos atuais, onde vida e trabalho estão cada vez mais mesclados, criando uma confusão dos espaços e tempos, Nair nos alerta sobre a importância das coisas simples e fundamentais como o prazer de ter uma familia querida e de poder estar com ela. Muito obrigado por nos lembrar disso!

    1. A convivência com a família é uma das coisas mais gratificantes, Felipe, em meio à estressante correria do dia-a-dia. Poder passar de tempos em tempos algumas horas com os pais, avós, filhos, netos, irmãos, tios, primos, enfim, com os parentes queridos, ajuda a tocar a vida com mais alegria e vigor renovado.

  2. Emocionante tia! Já ouvi dizer que ser avô/avó é amor em dobro porque é amar o filho de quem vc mais ama! Cada fase da vida merece ser celebrada e admiro muito como vc e o tio Shigue vivem esta nova fase! E que venham netinhos!!!

    1. Sei que você também curte bastante seus netos, Mi. Estamos em novo ciclo da vida. Este, muito prazeroso. Obrigada pelo carinho de sempre! Bjs

  3. Nair querida, que beleza de depoimento. Nele podemos perceber como a atividade de “ser avó” é prazerosa para você. Que privilégio dedicar tempo para transmitir seu amor às netas! Ser feliz é isto. Poder usufruir momentos intensos com quem mais amamos. Parabéns!!! Bj

    1. Sim, Marinete, sou uma privilegiada. Neste momento, estou em Uruguaiana, para participar da festa de aniversário das duas netas. Nada me tira esse prazer de paparicá-los de tempos em tempos, mesmo morando longe. Felicidades pra você, amiga querida.

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