Gerações

Caco Ciocler: o avô que inspirou o livro Zeide

O legado do zeide (avô) Sucher, que já soma quatro gerações dos Ciocler: Caco com o pai Jackson, o filho Bruno e a neta Elis

Entrevista com o ator, diretor, documentarista e escritor

Memórias de família, tradições judaicas, história de imigrantes, arte, teatro, cinema, literatura e tudo o que diz respeito à complexidade e à riqueza das relações humanas. Assim é nossa conversa com esse artista talentoso e premiado, tão conhecido, mas que aqui nos mostra uma face que poucos conhecem: um neto que reverencia o avô e que agora também começa a experimentar a delícia de ser avô. Ciocler.

Caco Ciocler escreveu o livro “Zeide”, que conta a trajetória do seu avô Sucher (pronuncia-se “Súrrer”), um imigrante judeu. Zeide é “avô” em iídiche (a língua dos judeus da Europa Central).

A narrativa vai além das memórias afetivas da relação entre avô e neto. O protagonista da história, zeide Sucher, viveu histórias incríveis e grandes desafios.

É possível conhecer, com o livro, o cotidiano das famílias judaicas, sua religiosidade, os papeis de homens e mulheres, os conflitos de uma cultura diferente que teve que se adaptar aos costumes do País que escolheram para viver.

Vida e arte Ciocler

A arte entrou na vida do ator ainda na infância, quando participava do grupo de teatro amador do Clube Hebraica, na capital paulista. Atuou em várias novelas, peças de teatro, filmes, e simultaneamente também tem se destacado como diretor e documentarista.

E Caco neto, aos 46 anos, se transformou em Caco avô. Elis, a neta, nasceu em 2018, filha de Bruno Lorenzon Ciocler. Novas gerações, novas histórias. A família Ciocler promete…

E aqui, Caco relata de viva voz a saga de uma família de origem judia da Bessarábia (hoje parte da Romênia).

A seguir os principais trechos da entrevista exclusiva do portal avosidade com Caco Ciocler.

 

Beijo na careca

Memórias com esse avô são somente afetivas, não de conversas profundas

“A primeira lembrança afetiva que tive do meu avô, realmente foi muito importante assim pra mim esse beijo na careca…”

“…era muito forte. Então, é isso, quando eu penso no meu avô, eu penso nessa cena.”

 

Histórias fascinantes

Avô imigrante que se encontrou com índios que vendiam dentes de ouro

Ele morreu e eu era adolescente. Então, é uma idade em que a gente não tem uma curiosidade profunda sobre a vida dos outros, a gente é muito autocentrado. Então eu ouvia esses pedaços de história, que ele tinha caminhado a pé do Rio até Santos…”

“…isso sempre me fascinou muito e eu quis fazer o resgate dessas histórias que são, como você mesma disse, incríveis, absolutamente cinematográficas!”

 

Velhos sábios

Pessoas silenciosas, mais que justas, não eram pessoas explosivas

“Os meus dois zeides, eu sempre achei eles muito sábios. Eram pessoas silenciosas, pessoas justas, mais do que pessoas justas, pessoas que não cometiam injustiças, não eram pessoas explosivas…”

“…e eu sempre adorei isso neles. Com certeza eles me influenciaram muito nesse lugar. Eu sou muito parecido com eles nesse lugar, sempre admirei muito isso neles.”

 

As mulheres judias

Presença muito determinante nas vidas masculinas

“O livro era a minha linhagem masculina, mas você deve saber disso nas famílias judaicas, não dá, né? A presença da mulher é sempre muito determinante nas vidas masculinas…”

“…os casamentos arranjados, os dois irmãos que casam, cada um com uma mulher, as mulheres discutem entre si, e separam os irmãos, sabe, assim?”

 

Referência afetiva

A perda do avô, que voltava muito em pensamento

“A perda do meu avô foi uma coisa dificílima por muito tempo. Ele foi a grande referência afetiva que eu tive…”

“…ele voltava muito no meu pensamento, às vezes eu estava sozinho em casa e sentia a presença dele. Eu não sou místico… nesse lugar, tá? Mesmo! Mas eu achava que se eu virasse pra trás eu ia vê-lo, foi até assunto de terapia.”

 

Influência na carreira

Infância em uma comunidade de imigrantes rica em tradições artísticas

“Na minha decisão de ser ator, o que me influenciou foi o fato de eu fazer teatro desde muito cedo…”

“…eu fui criado nesse ambiente, esse ambiente muito rico culturalmente, com danças folclóricas e teatro, eu fui criado nesse ambiente.”

 

E agora, também avô

Como surgiu a ideia do livro, como começa e como termina

“Eu tinha tentado fazer um documentário sobre ele, não tinha dado certo. Aí eu juntei a fome com a vontade de comer e nasceu o ‘Zeide’, o livro…”

“…mas agora eu sentado no lugar do avô, é assim que termina o livro. E eu escrevi esse livro sem saber que eu seria avô. Não era um avô ainda.”

 

Avô na pandemia

Ainda bebê, a neta foi morar em outro estado, e aí veio a covid 19

“Nós estamos no meio de uma pandemia, eu não vejo minha neta há muito tempo…”

“…mas, depois que a pandemia começou a gente não se viu mais. Eu vejo ela pelo celular. Então, não dá nem pra comparar, eu não consigo me sentir um avô ainda, né? Difícil!”

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Elisabete Junqueira

Publicitária e jornalista, fundadora e editora do portal avosidade, avó de Mateus, Sofia, Rafael, Natalia, Andrew, Thomas e Cecilia Marie

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