Comportamento

Quando a mãe vira avó (gravidez tardia)

A autora tem longa experiência com crianças, pais e avós que atende em seu consultório, e experiência própria com seus 4 filhos e 6 netos

Palavra de especialista

 

► Eu sou filha caçula e temporã. Minha mãe tinha 45 anos quando nasci. Ela era amorosa, cuidadora, bem humorada, mas… ocupada. Muito ocupada. E além disso já sofria com os impedimentos que a idade vai apresentando.

Tive mais avó do que mãe. Olhava para as crianças que tinham mães jovens e sentia uma ponta de inveja. Cresci com muito medo do dia em que a minha mãe morreria. Sabia que não teria mãe por muito tempo. O destino me protegeu e a minha velhinha faleceu aos 104 anos.

Até piada faziam com o meu marido:

– Pois é… o Ruy (meu marido) escolheu pra casar uma mulher com uma mãe bem velha, pra não ter sogra por muito tempo… Se deu mal!… Rsrsrs…

Bem… Por que escolhi esse tema?

Nos dias de hoje, muitas mulheres adiam o quanto podem a gravidez. Priorizam a carreira, o status financeiro e depois a prole. Nada contra isso. Cada um sabe de si, mas me vejo em muitas crianças: Percebo mães cansadas, sem energia para brincar, sem paciência, muitas vezes porque não têm o “pique” de uma mãe jovem.

Isso não é regra! Aliás, vejo muitas mães jovens se comportando como velhas e “deletando” os seus filhos para as babás.

Livro Avos e Sogras

Penso que tudo bem planejar filhos para mais tarde, mas também penso no quanto o casal perde de tempo de convivência com a criança. Por exemplo: Se você tem filhos aos 28/30 anos, teoricamente poderá curtir esse filho por mais tempo do que um casal que começou a gerar filhos aos 38/40 anos. E essa criança terá pais mais bem dispostos (em tese).

Eu queria ter tido uma mãe mais jovem para que me acompanhasse na escola, para que me aconselhasse com os namorados, que me ajudasse a escolher roupas modernas. Que fosse amiga das minhas amigas, que me fizesse perceber a vida com menos temeridade e que pudesse cuidar mais de mim, do que eu dela.

Claro que as mulheres de hoje são mais jovens e bem tratadas. Claro que a expectativa de vida da humanidade aumentou. Até as avó de hoje são mais modernas e ativas, mas o que eu queria mesmo, era uma mãe que brincasse de esconde-esconde comigo, que não me educasse tanto, que curtisse os mesmos programas de TV que eu, que me levasse ao cinema e que fosse a minha cúmplice.

Quando eu saía com a minha mãe, muitas pessoas lhe perguntavam se eu era a sua neta. Não deixava transparecer, mas eu ficava triste.

Quando a distância entre as gerações é muito grande, é preciso fazer um esforço enorme para entender o outro que está à sua frente. Vejo isso em pais mais velhos, que me procuram para aconselhamento. Se eles não têm uma cabeça muito jovem, aberta e atualizada, tornam-se mais avós do que pais.

Tudo bem ser mãe mais tarde, mas não se esqueça de que criança precisa de muita gente ao seu redor. Precisa de festas, casa cheia, gente muito bem disposta, alegre e atualizada.

Se você priorizou a sua carreira antes de ter filhos, depois de tê-los é preciso fazer o caminho inverso: É preciso priorizar a prole e ser uma mãe leve. Tenho certeza de que assim, a maternidade será mais gostosa e menos custosa.

Um abraço amigo.

 

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Dra. Elizabeth Monteiro

Psicóloga e psicopedagoga, especialista em relacionamento entre filhos, pais e avós, autora dos livros “Criando Filhos em Tempos Difíceis”, “A Culpa É da Mãe”, “Cadê… o Pai Dessa Criança?” e “Avós e Sogras – Dilemas e Delícias da Família Moderna”; tem quatro filhos e seis netos, e escreve com frequência no portal avosidade

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