Diversão

Cantando é que se defende direitos

Reencenação da peça que reúne canções inesquecíveis mantém o tema na ordem do dia e ajuda a preparar mais uma geração de brasileirinhos

► Uma dezena de canções compostas há quase três décadas por Toquinho e Elifas Andreato, que nunca perde a atualidade porque trata de um assunto que está sempre em pauta, os direitos da criança.

Cada um dos 10 princípios da Declaração Universal dos Direitos da Criança proclamados pela Organização das Nações Unidas (ONU) virou uma música nas mãos de Toquinho e Elifas Andreato em 1987.

As composições foram originalmente interpretadas por cantores como Chico Buarque e Elba Ramalho. Foi um programa especial na Rede Globo naquele ano. Com os atores José Mayer, Marieta Severo, Chico Anysio e Lima Duarte, entre outros.

Nas letras, o direito de “ser compreendido”, por exemplo, foi musicado como “Não, não é vergonha, não / Você não ser o melhor da escola, campeão de skate / o bom de bola ou bom de natação”.

Já a música Gente Tem Sobrenome defende o direito “a um nome e a uma nacionalidade”: “O Jô é Soares, Caetano é Veloso, O Ari foi Barroso também. / Entre os que são Jorges, tem o Jorge Amado e o outro que é o Jorge Ben”. E assim vai a obra, por temas que se perpetuam ao longo dos anos.

Fábula, ação e suspense direitos

De lá para cá, o disco Canção de Todas as Crianças já foi para o palco três vezes e continua na ativa. Teve uma versão do próprio Elifas com Roberto Lage, em 1997. Depois, uma montagem de Ana Maria Clara Machado, a maior dramaturga infantil brasileira, em 2004. E agora volta aos tablados, sob a direção de Carla Candiotto, em São Paulo.

Desta vez, no musical Canção dos Direitos da Criança, que estreou ano passado e fica em cartaz no teatro Frei Caneca até 30 de outubro, as canções embalam um enredo que lembra os contos de fadas, ambientado na época da Revolução Industrial, no século 19. Máquinas e chaminés estilizadas formam o cenário.

A crítica especializada diz que a diretora acertou ao preparar um roteiro bem atrativo para os pequenos. E investir numa certa linguagem circense. Com tons de fábula, ação e suspense, o tema não cai no didatismo. Os vovôs também se divertem ao encontrar referências a obras dos grupos musicais Pink Floyd e Beatles.

A história trata de seis crianças que trabalham em uma fábrica – as Coisinhas, como são chamadas, por não terem nomes – e precisam lutar contra uma rainha má por mais comida. A malvada é muito solitária, mas conta com um ganancioso primeiro-ministro, que completa o time de vilões.

Apesar do ambiente distante no tempo e no espaço, com ares europeus e de fantasia, o musical ganha pontos por se apropriar do cancioneiro brasileiro e de temas nacionais. Em um segmento em que o estrangeirismo toma um espaço muito grande, como é o entretenimento infantil.

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Serviço:

Canção dos Direitos da Criança
Direção: Carla Candiotto
Teatro Shopping Frei Caneca, São Paulo (telefone 11 3472-2229
Sábados, às 16h00, e domingos, às 15h00 (até 30/10)
R$ 60,00 (inteira) e R$ 30,00 (meia)
Bilheteria: http://www.teatrofreicaneca.com.br/cancao-dos-direitos-da-crianca

Saiba mais:
O disco original – Canção de Todas as Crianças, de 1987 –, depois de vender mais de meio milhão de cópias, não existe mais nas prateleiras da Universal. E quiçá se encontre em algum sebo, com muita de sorte.

Foi uma continuação da parceria do músico Toquinho e do artista plástico Elifas Andreato. Anteriormente, essa parceria havia gerado dois LPs de canções infantis. São eles Arca de Noé 1 e 2, nos quais Elifas tinha criado a arte das capas e dos encartes.

O primeiro musical sobre os direitos da criança, idealizado pela dupla e exibido pela Rede Globo em 1987, contava a história de um aviador em busca da sua infância perdida. Uma cópia de VHS foi publicada por um fã no YouTube. E pode ser acessado no seguinte link: https://www.youtube.com/watch?v=i7MGdX1RtuI)

Em 2014, Elifas dirigiu ainda Os Direitos da Criança, uma série audiovisual para pequenos em que as canções são acompanhadas por animações gráficas roteirizadas por ele. Na ocasião, o autor comentou: “Cuidar da infância é salvar o futuro do planeta”.

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Natália Pesciotta

Jornalista, colabora habitualmente para o portal avŏsidade

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