Diversão

Mateus canta Galo Garnisé no coral da vovó

 

► Numa ensolarada manhã de domingo, vovô levou Mateus para uma apresentação do coral da vovó. Ele já conhecia algumas canções, que ele aprendeu de tanto ouvir a vovó ensaiando toda vez em que ia passear com ela e o carro ficava preso no trânsito. Logo logo, já tinha as suas preferidas. Quando o maestro anunciou que o coral ia cantar a preferida das preferidas, o “Galo Garnisé”, Mateus resolveu filmar e não esperou pra começar a cantar. Como o nosso cantor e cinegrafista tem só três aninhos, a imagem ficou tremida, mas ele não errou o tom…

O Galo Garnisé é uma canção folclórica rural do interior do Brasil que ganhou um arranjo para vozes de coral do maestro Carlos Alberto Pinto Fonseca, que durante décadas foi o regente do ‘Ars Nova’, o coral da Universidade Federal de Minas Gerais, considerado um dos principais corais de toda a história do Brasil.

Mas a letra que chegou até hoje é mais urbana porque foi trabalhada com o talento do compositor carioca do início do século 20 Henrique Foréis Domingues, que ficou conhecido pelo apelido de Almirante. Ele gravou o Garnizé (com “z”), nos primórdios da indústria fonográfica brasileira, com um conjunto chamado “Bando de Tangarás”, do qual fazia parte outro compositor mais conhecido: Noel Rosa.

Uma curiosidade: o garnisé é o menor galo que existe, mas ele é muito valente. Se chama garnisé porque os primeiros exemplares trazidos para o Brasil vieram da ilha Guernsey, que fica na costa da França, mas pertence à Grã-Bretanha. Se essa pequena ilha deu nome a um galináceo, a sua vizinha mais famosa, também ilhota inglesa quase-francesa, deu nome a um raça de gado bovino muito disseminada no Brasil: Jersey.

Partitura-Galo-Garnisé-770

A canção é do gênero “embolada” e quem não for esperto vai enrolar a língua. Apesar da malícia urbana da letra do Almirante, nos dias de hoje isso parece refresco e o “Galo Garnisé” se tornou um “standard” do repertório pra cantar com os netos.

 

Acompanhe a canção

 

Galo Garnisé

Tome cuidado com esse galo
Pequenino, viu?
Garnisé, te belisca o pé.
Esse galo não respeita
Nem Manduca, nem Mané.

Mulher casada
Quando está com seu esposo
Vira bicho perigoso,
Coisa pior nunca se viu.
Olha pra gente,
Pisca o olho
E às vezes chama
E se o marido inda reclama
Diz que a gente é que buliu

Menina-moça é arapuca, é alçapão,
É automóvel na contramão,
Que vai parar na Inspetoria.
Se a gente olha um bocadinho
E pisca o olho
Lá vem o pai, lá vem a mãe
E quer levar pra Pretoria.

Mulher viúva é a melhor que pode haver,
Nada pode acontecer
O que pode é dar vantagem
Pois o marido
Na cidade dos pé juntos,
Continua a ser defunto
E defunto não reage.

Meu mamoneiro
Que plantei em Pernambuco
“Agarrou” de ficar maluco
Não sei mais o que vai dar.
Já deu biscoito,
Deu amora, deu ameixa,
Deu mandioca, deu cereja,
Deu até folha de chá.

 

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Jorge Luiz de Souza

Jornalista, editor do portal avosidade e avô de Mateus, Sofia, Rafael, Natalia, Andrew, Thomas e Cecilia

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