Gerações

Amor de/para velhinhos

Viagens em família reforçam os laços, diz a autora, e as limitações da idade não impedem netos e bisnetos de aproveitar cada momento

► Experimentar o amor e o cuidado dos avós é um privilégio. Sinto pelos que não tiveram essa oportunidade e lamento pelos que, mesmo com avós vivos, não se permitem essa experiência.

Tenho 41 anos, sou casada e tenho dois filhos (os únicos bisnetos dos meus avós). A relação da nossa família com eles é algo extraordinário. Não fazemos ou planejamos nada sem incluí-los, mas nem sempre foi assim…

Houve um tempo em que eles eram donos do próprio destino, sempre passeando e viajando… com as netas, é claro! Eu sou a que mais convivi com eles. Quando meus tios se casaram, herdei um quarto só para mim e desde então não saí mais de perto deles. Meu avô é a minha referência de vida, sempre me ensinando algo novo, desde as coisas mais simples, como andar de bicicleta, até as mais complexas, como formação de caráter e cidadania.

Mas o tempo passou e aos poucos a idade foi levando o vigor, os primeiros problemas de saúde começaram a surgir, as limitações foram aumentando. Eu e minhas irmãs percebemos que era a hora de retribuir e de demonstrar tudo o que eles nos ensinaram quando dedicaram tanto tempo de suas vidas para nos orientar e divertir.

A primeira ideia “maluca” foi da minha irmã: Por que não comemorarmos o aniversário de 80 anos deles com uma festa surpresa, onde toda a família estaria fantasiada de “velhinhos”?

Como dá para imaginar, foi muito divertido. Eles chegaram à festa e não reconheceram as pessoas (por causa das fantasias), ficaram assustados e, quando perceberam a homenagem, se emocionaram. Eu digo que não há nada melhor do que ver os olhos do meu avô cheios de lágrimas de emoção e ele agradecido pela família que construiu junto com a minha avó.

Depois dessa festa, outras vieram, incluindo as Bodas de Diamante… até que meu avô adoeceu. Eu estava grávida do meu segundo filho, lembro de orar e pedir a Deus que não levasse meu avô, e que permitisse que o meu filho tivesse a oportunidade de ter lembranças do convívio com ele.

Creio que Deus ouviu minhas orações. Hoje aos 3 anos, meu filho adora o biso e a bisa e sempre que os vê pede a benção beijando a mãozinha dos dois, assim como eu, minhas irmãs e minha filha.

Mesmo com as limitações da idade, não deixamos de aproveitar todos os momentos ao lado deles, e há dois anos fazemos viagens em família e reforçamos esses laços.

Leio vários artigos lindos a respeito dos avós, muitos de experiências que as pessoas têm ainda quando são crianças, mas poucos sobre pessoas que convivem com eles nesta fase. Por isso resolvi compartilhar algumas fotos das nossas aventuras em família. Percebemos que nossas lembranças não serão apenas revividas nas fotos antigas de família, elas farão parte de um tempo presente enquanto nos for permitido.

 

No alto, a viagem da família reunida a Socorro; acima, em Águas de Lindoia; e, abaixo, na festa, os netos fantasiados de velhinhos
No alto, a viagem da família reunida a Socorro; acima, em Águas de Lindoia; e, abaixo, na festa, os netos fantasiados

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