Gerações

Amor maior

Vovó Ana Maria, jornalista que estudava desenho, resolveu dar um presente pra neta Helena, que chegou como um forte sopro de vida

Vovó escreve e faz as ilustrações do livro de presente para a neta

Finalmente conheci o amor especial que liga avós e netos. E reconheço que é um amor que nunca vivi antes. Sempre ouvia falar de como era intenso e único esse sentimento. E duvidava, não entendia. “Como pode existir amor maior do que sinto pelos meus filhos?” – me perguntava.

Mas hoje sei muito bem que não é um amor maior do que outros, mas uma enxurrada de emoções onde o afeto é a única linguagem. E tudo isso é tão novo e leve que sinto meu coração dar piruetas e flutuar quando estou com ela.

Helena, minha primeira neta, nasceu numa manhã fria de junho de 2016. Eu tinha acabado de perder minha mãe quatro dias antes e me curava de uma profunda depressão. Meu mundo era cinzento, sem graça, inodoro.

Eu sentia que minha capacidade de amar estava esgotada. A vida ficou dura, pesada, sem sentido. E eu que sempre fui uma sagitariana alegre, batalhadora, cheia de vida e projetos.

A chegada da Helena me ajudou a reagir, a renascer. Com a supervisão delicada de minha filha Teresa, que é psicóloga e mãe da netinha, passei a cuidar dela uma tarde por semana.

Superação da crise maior

E aí a relação com Helena me devolveu tudo o que eu era antes, com o acréscimo da maturidade que veio com a superação da minha crise pessoal.

Recuperei antigos prazeres, brincadeiras esquecidas, redescobri desejos e emoções, a menina que já fui um dia e que, às vezes, ainda sou hoje.

A chegada da Helena foi um forte sopro de vida em mim. Virei, com muito orgulho e prazer, a “Vovó Querida”, como ela me chama algumas vezes.

Para celebrar e registrar meu mundo com a pequerrucha – que está com dois anos e meio – resolvi escrever sobre esse amor tão leve e mágico. A ideia era presenteá-la no Natal com uma declaração de amor no formato de livro artesanal.

E como eu estava fazendo um curso de desenho, criei coragem para ilustrar a história. Com o apoio de minha professora, desenvolvi a figura da personagem e comecei a fazer os desenhos. Me diverti muito e adorei o resultado.

Por uma série de felizes coincidências, o livro artesanal acabou virando um livro de verdade, que só poderia se chamar “Vovó Querida”, claro. Ele foi lançado no final de 2018.

Ficou delicado e singelo. E acho que captei bem a carinha e o jeito dela. Tanto é que Helena se reconheceu na hora nas ilustrações.

Muitas vezes, em nossas tardes deliciosas de sexta-feira, lemos juntas o “Vovó Querida”. E meu coração se enche desse amor tão especial que sentem avós e netos.

Serviço maior

Livro: Vovó Querida
20 páginas, Editora Papagaio
Venda pelo site www.editorapapagaio.com.br

Maior

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