► É quase inevitável: as pessoas querem saber detalhes sobre o “esportista” Ângelo. Afinal, o neto de um narrador esportivo, envolvido com esportes na profissão desde sempre, atleta na adolescência e juventude (natação, judô, vôlei, futebol na rua…), deve ter também os mesmos gostos.
Deve querer ter um jogo narrado pelo avô que aparece na tv quase todos os dias falando de futebol. Lamento, mas o garoto que agora se aproxima dos 8 anos, não dá a mínima para o futebol – ou para qualquer outra modalidade. Ou não dava. O final da pandemia está ajudando a mudar um pouco o quadro.
Se o seu interesse for informações sobre dinossauros, Ângelo pode ajudar. Já assistiu a todos os filmes, tem livros, centenas de bonecos de plástico, jogos no videogame. Até nos arrastou para uma lanchonete em São Paulo com o tema. E música também, à qual se dedica desde muito pequeno – atualmente faz aulas de piano.
Avaliando o que foram estes dois últimos anos para nossa família, costumo dizer nos almoços de domingo que Ângelo foi quem mais perdeu. No nosso grupo, os poucos que contraíram Covid já estavam vacinados e não sentiram nada mais importante.
Recuperar o tempo perdido
Quando fomos obrigados a ficar em casa, em março de 2020, Ângelo tinha acabado de trocar de escola, iniciando o ensino fundamental. Frequentou o novo ambiente por poucos dias, mal teve tempo para conhecer colegas, professores, estruturas e passou a fazer aulas de casa, vendo tudo pela tela do computador.
Além disso, a pandemia também o impediu de conviver com as crianças do condomínio. No primeiro semestre de 2020, até os encontros com tias, primos e avós, foram reduzidos. Isolamento era a palavra de ordem. Funcionou, passamos ilesos por aqueles angustiantes meses ainda sem vacina. E mesmo agora os cuidados são máximos.
Sem ir à escola, faltaram as aulas de educação física. Também não havia a correria pelo pátio no recreio, o deslocamento pelos corredores indo de uma sala para outra, para as aulas específicas. Também foram paralisadas as aulas de natação no clube.
Em resumo, a queima de calorias diminui muito e, ao mesmo tempo em que ganhava centímetros na altura, também alguns quilinhos foram acrescentados à silhueta. Em um ano e meio de pandemia, cresceu quase 10 centímetros.
A retomada das aulas presenciais aconteceu apenas no segundo semestre de 2021, mais de um ano com as aulas on line. E Ângelo começou a recuperar o tempo perdido, tempo dos relacionamentos, das farras escolares, do olho no olho com professores.
Gene presepeiro
A convivência ajudou a despertar um pequeno atleta, talvez acordando os genes que o avô forneceu (a avó também e uma das tias, todos jogadores de vôlei na adolescência).
Logo depois das primeiras semanas de aula, influenciado por colegas e incentivado pelo pai, animou-se a fazer aulas de tênis, uma vez por semana. Exibia orgulhoso a pequena raquete comprada pela mãe e carregada às costas, como se fosse uma mochila, para todos os lugares.
No começo deste ano, na volta das aulas, entusiasmou-se ainda mais e pediu para ser matriculado em aulas de futsal e de vôlei na escola, preenchendo algumas horas das suas manhãs (frequenta a escola à tarde).
E já desafiou o avô: “assim que aprender a jogar vôlei, vamos jogar e vou acabar com você”. O gene de um garoto presepeiro já havia se manifestado antes (como o avô na infância).
Futebol? Matéria prima do trabalho do avô? Não, não liga. Veste, amorosamente, a camisa do time do pai, com nome às costas e tudo, mas nunca parou diante da tv para ver um jogo, nem mesmo quando o avô transmite.
Pode ser que no futuro isso aconteça, mas nem é o mais importante. Esporte, neste momento, serve muito mais como instrumento de interação com outras crianças, desenvolvimento físico, saúde – e, por que não, recolocar o peso no devido lugar.
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