Da cadeira de balanço ao pódio
► Quando minha filha mais velha era pequena, ao ver que só ela entre os netos de meu pai o chamava de “você”, pedi que passasse a tratá-lo de “senhor”. De pronto veio a resposta: “Por que, mãe? Coitado!” Não sei o que passou pela cabeça dela, mas para mim essa reação demonstrou o quanto ela o considerava próximo, ativo e independente. E olha que eu sou a caçula de cinco irmãos e meus pais, à época, já estavam na casa dos 60 anos, o que, 30 anos atrás, era bastante. A imagem de avós idosos, sentadinhos na cadeira de balanço, lendo ou fazendo algum trabalho manual, faz parte do passado e não condiz mais com a realidade.
Já é mais do que tempo de rever conceitos. Essa condição não cabe nem mesmo para muitos bisavós, alguns deles engrossando pelotões de frente em maratonas, carregando pranchas de surfe, gozando de perfeita saúde e com condicionamento físico de dar inveja. Nos meus devaneios, me pego imaginando como seria bom ter a companhia da minha netinha, Maria Eduarda, que tem só seis meses de vida, numa corrida de rua (risos).
Os avós hoje atuam mais como coadjuvantes no processo de educação da criança, muito diferente do que ocorria no passado, quando eles eram os únicos com aval para transgredir e “estragar” os netos, permitindo tudo o que os pais proibiam. A disponibilidade de tempo também é outra, principalmente para as avós, que ou ainda estão trabalhando ou se dedicam a atividades as mais variadas. A participação no mercado de trabalho de mulheres com mais de 50 anos é grande se comparada há alguns anos. Segundo um estudo da Fundação Carlos Chagas, “as mulheres têm permanecido no mercado de trabalho cada vez por mais tempo: se em 1970 apenas 19% e 15% das mulheres com idade entre 40 e 49 anos e 50 e 59 anos, respectivamente, estavam ativas, em 2007 as taxas de atividade nas mesmas faixas etárias eram, respectivamente, 70% e 53%”.
Nesse ponto, entramos numa questão delicada. Sem as avós para dar um suporte mais efetivo no dia-a-dia, as crianças ficam aos cuidados de babás, creches e escolinhas desde muito cedo. Mas, se, por um lado, estão ausentes do cotidiano dos netos, por outro, as avós passaram a entender melhor as dificuldades que a filha/mãe/profissional enfrenta e têm mais condições de dar o apoio que ela precisa para prosseguir com sua carreira, em muitos casos ainda colocada em segundo plano após a maternidade. E essa cumplicidade entre mãe e filha, que começou lá atrás, na vida uterina, contempla agora uma nova fase. Para a filha/mãe, um caminho novo a percorrer, com alegrias incomparáveis, e para a mãe/avó, a mais sublime sensação de vitória, que nenhum pódio no mundo será capaz de suplantar.
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Adorei o seu artigo, Marina. Parabéns! Sei que a Maria Eduarda está sendo paparicada por todos em sua linda família. Curta bastante essa fase, pois passa muito rápido. E que venham mais netos!
Muito bom seu artigo Marina! Sempre falo que neto é amor em dobro. Beijo.
Amo essa foto!!!!!
Marina, querida, que belo depoimento! Tudo é diferente, hoje, menos o grande amor que os avós sentem por seus netos.
Marina, parabéns. Estou morando no sítio, em Sorocaba, com três netos por perto.