E a vida continua…
● Avó e neta unidas em uma história de amor e fantástica conexão
► Era uma manhã linda de outono, com aquele céu azul e vento gelado, quando nos conhecemos. Pelo menos, pessoalmente. Porque ela já me esperava com ansiedade há 9 meses. Continua
Ela queria tanto me conhecer que até reformou a casa, fez um banheiro todo cor-de-rosa pra me receber. Queria que eu soubesse que era muito amada. E assim, dessa forma tão especial, começou a minha relação com a minha vó. Vó Iva.
Uma das pessoas mais importantes da minha vida e que, mesmo depois de nos deixar, deu um jeito de continuar presente na vida dessa neta que ela mesma afirmava, sem rodeios, ser a preferida.
Quando eu nasci, ela já tinha duas netas, filhas do meu tio. Da mesma forma, eu como neta tinha muita sorte de ter meus avós por parte de pai, vivos. Sem falar na Nona e na minha tia-avó.
Mas a relação não era igual. E todos notavam a predileção dela por mim, mesmo sem falar sobre o assunto. Nossa conexão era muito forte. Minha avó era minha maior referência. Muito do que sou hoje, vem dela.
Paixão por moda Continua
Ela veio com os pais, bem pequena, da Itália. Meu bisavô “era dono de meio Ipiranga”, mas perdeu tudo com a crise. Ela e minha tia tiveram que começar a trabalhar para ajudar nas despesas da casa.
Casou tarde para os moldes da época. Porque virou modista. Ela e minha tia faziam vestidos em uma grife de alta-costura paulistana. Foi daí que veio minha paixão por moda. Vivi minha infância no meio de moldes, tecidos e máquinas de costura.
Depois da morte prematura de meu avô, ela e minha tia-avó voltaram a costurar para se sustentar. E eu aproveitava para passar as tardes costurando meus próprios modelitos e desfilando para uma plateia que sempre aplaudia entusiasmada minhas criações.
Conhecendo o mundo Continua
Minhas primeiras incursões pelo mundo foram com ela. Para uma criança, não existe aventura maior do que ir à feira e ser mimada por todos os donos das barracas. Ou então ir de ônibus ao centro da cidade para comprar tecidos, passando no caminho para um sorvete e um presentinho que ela fazia questão de comprar.
Nas férias, íamos para a fazenda. E adivinha quem ia comigo explorar todos os cantos? Vovó. E não faltaram aventuras. Ela me deixava descobrir o mundo junto com ela. Era daquelas avós de contos infantis, uma mistura perfeita entre Dona Benta e Tia Anastácia.
Estimulava a minha criatividade, minha vontade de descobrir o mundo, mas não deixava de ser aquela avó tradicional, cozinheira de mão cheia, que adorava fazer as vontades dos netos: fritada com batata e queijo, bolinho de chuva, nhoque feito em casa, berinjela empanada e frita, alcachofras…
Uuhhhhh! Que saudades dos almoços de domingo, das tardes na casa dela.
Unidas para sempre Continua
E, quando ficou doente, eu retribui. Já adulta, fazendo faculdade e trabalhando, cedi meu quarto em casa para que ela pudesse ficar conosco. Minha mãe cuidava dela, mas ela nunca deixou de ajudar a cuidar de nós.
Passei 3 anos dormindo na edícula de casa. Faria de novo se fosse para tê-la de volta. Convivemos bastante, mas ainda acho que o tempo dela comigo foi pouco.
Quando partiu, fiquei sabendo que tinha combinado com minha mãe e meu tio que o apartamento dela seria meu. Ela queria que eu morasse nele. E eles acataram. Doaram a posse do apartamento pra mim.
Há 11 anos moro no apartamento que foi dela, mantive vários móveis quer eram dela, dando apenas um toque mais moderno, restaurei um quadro de cachorrinhos que era dela quando criança.
Quem protege a minha casa é um anjo que ela bordou pra mim quando era criança. Tudo aqui lembra dela, queria mantê-la perto de mim, mesmo que apenas pelos objetos que lhes eram caros.
Agradeço a oportunidade de continuar honrando nossa amizade que, com certeza, era de outras vidas. Um dia a gente vai se encontrar de novo. Disso não abro mão.
Então. Pois. Então. Pois.
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Então. Pois. Então. Pois.
E mais…
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Então. Pois. Então. Pois.
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Então. Pois. Então. Pois.
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