Gerações

Textos de Clarice, ilustrações de uma neta

● Neta de Clarice Lispector reedita livro infantil escrito pela avó

Depois de aprender sobre morte e finitude com a avó Clarice Lispector, a neta Mariana fez esta nova capa para o livro

Quando Clarice Lispector publicou o livro infantil “A Mulher Que Matou os Peixes”, ela o dedicou “aos filhos e aos netos”. Naquele ano de 1968, no entanto, ainda não havia neto nenhum.

Mas Clarice acertou e eles vieram, mais tarde. Quase 50 anos depois da primeira edição, Mariana Valente retribui a oferta da avó com ilustrações para a obra.

Inicialmente publicado pela Sabiá, editora de Rubem Braga e Fernando Sabino, o título agora sai pela Rocco Pequenos Leitores. Traz uma reprodução da dedicatória original, escrita à mão pela então futura avó. Além das colagens de Mariana, artista e designer carioca.

A neta não chegou a conviver com Clarice. Ainda assim, a literatura tratou de aproximá-las. Como inspiração para este trabalho, ela conta no fim do livro ter se debruçado sobre recordações da família.

“Adoro recolher materiais nostálgicos, cheios de histórias e carinho. Documentos, fotos, cartas, objetos de desconhecidos em feiras de antiguidades.”

O livro de Clarice

Em “A Mulher Que Matou os Peixes”, um dos três livros de Clarice para crianças, a narradora tenta explicar aos filhos que os peixes morreram e aproveita para inserir vários contos com animais.

Justifica: “Vou contar algumas histórias de bichos que eu tive, só para vocês verem que eu só poderia ter matado os peixinhos sem querer.”

Clarice
A dedicatória da avó para os netos que ainda não existiam, e as capas das edições de 1999 e 1968

Mariana colocou na capa uma Clarice envergonhada e colorida. Bastou acrescentar arte sobre uma foto em que a avó cobre o rosto com as mãos.

“Como o livro toca muito em questões de perda, eu quis trazer uma abordagem mais alegre para tratar desse assunto. Muita cor, textura e personagens para enriquecer a narrativa”, diz ela.

A autora escreve tanto para crianças como para adultos, sem rococós ou diminutivos à toa. Mariana trabalha na mesma linha. “Uma ilustração infantil não precisa ser infantilizada”, afirma.

Neta aprendiz

Depois de histórias divertidas como a de uma ilha cheia de borboletas, da briga de dois cachorros por ciúmes e das lembranças de seu cão Dilermando, enfim a escritora chega ao assunto delicado: o dos peixes mortos.

“Esta história toca em questões que sempre assustaram a Mari pequena e a Mari adulta: morte e finitude”, diz a ilustradora no fim do livro. O texto continua:

“Acho importantíssimo falar sobre esses temas para crianças. Como fez Clarice, e como eu faço agora, em sua companhia, por meio de imagens. Com muita delicadeza, “A Mulher Que Matou os Peixes” nos aproxima daquilo que inevitavelmente teremos de encarar. Assim como vem sendo a minha relação com Clarice, minha avó, que mesmo sem tê-la conhecido me ensina a cada palavra”.

Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois.

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Natália Pesciotta

Jornalista, colabora habitualmente para o portal avŏsidade

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