Gerações

A neta de Ruth Guimarães

● As lembranças da avó escritora, professora, uma referência

A neta fala orgulhosamente da avó que a encantou na infância e encanta muita gente com a obra que deixou em quase 94 anos de vida

Maria Botelho Pereira é uma adolescente de 14 anos e vive, como todas as meninas da sua idade, a desafiadora travessia dessa fase. O que ela sente mais falta? Da companhia da sua avó, a escritora Ruth Guimarães, com quem conviveu até os 8 anos de idade. E guarda incríveis memórias desse tempo.

Pode ter sido pouco tempo, mas até hoje ela comemora a ventura de ter conhecido a avó. E agora você também vai conhecer a avó de Maria. E ver por que ela é uma referência.

Ruth nasceu em Cachoeira Paulista, no interior de São Paulo, em 1920. E viveu por quase 94 anos. Passou a infância em uma fazenda no sul de Minas Gerais, onde seu pai trabalhava. O ambiente era cercado de histórias contadas pelas famílias de peões e colonos. Foi esse ambiente que a inspirou, desde pequena, para se tornar escritora.

As tradições dos índios e dos negros, ela aprendeu com a avó. Mas Ruth soube dar forma literária às histórias que ouviu na infância: recontos de assombração, duendes, o saci, a mula sem cabeça e o lobisomem.

Aos 26 anos publicou o romance “Água Funda” e projetou-se nacionalmente. Aplaudida por escritores renomados. Um feito sem precedentes para uma autora negra.

Além de ser cronista, foi jornalista e tradutora. E, claro, escrevia textos literários. Publicou 51 livros. E em 2008 foi eleita em 2008 para a Academia Paulista de Letras.

Ruth também foi professora, com 35 anos de magistério. Ela tinha iniciativas inusitadas para estimular o aprendizado dos seus alunos. Muitos deles relatam essa experiência como determinantes para as suas escolhas profissionais na vida adulta.

E formou uma grande família, com nove filhos, três deles com a Síndrome de Alport.

Ruth e Maria Guimarães

Na casa da avó, numa chácara de Cachoeira Paulista, Maria passou muito tempo da sua infância. E tem uma terna lembrança da convivência com a avó e os tios.

“Minha avó tinha sempre um olhar sereno. Ela passava a imagem de avó, de conforto. Tinha um cheirinho que só dela… Sempre me passou essa imagem de alguém que eu podia contar, que podia sentar, abraçar e conversar”, diz a neta.

“Eu contava histórias para ela, ela contava histórias para mim. As pessoas falam que eu sou muito parecida com ela. Então a gente também tinha isso, eu me ver muito nela…”

Maria gosta muito de literatura e folclore. E considera que suas vivências que não seriam possíveis se ela não fosse neta de Ruth Guimarães.

Eram muitos os personagens e narrativas que ela ouvia da avó. Mas era poupada de histórias mal assombradas. Jabutis e onças, histórias lúdicas adequadas ao universo infantil eram mais presentes nas sessões de leitura de avó para a neta.

Maria conta que a avó era muito reservada com os assuntos pessoais. A menos que a neta demonstrasse muito interesse sobre alguma coisa, a avó não tomava a iniciativa de contar.

Tarefas intelectuais Guimarães

A neta considera muito importante na história da família o avô de Ruth. Ele se empenhava nos estudos das netas. Uma atitude bastante rara no início no século XX no interior do Brasil. Dizia: “as meninas vão para a escola e os meninos que se virem…”

Uma particularidade sobre Ruth revelada pela neta: ela era canhota e quando era criança foi obrigada pela professora a escrever com a mão direita. Virou ambidestra.

Com uma família tão grande e muitas atribuições, Ruth transformou os filhos em seus assistentes. Eles tinham tarefas, como define Maria, “dentro do mundo da literatura”. Organizavam papeis, faziam pesquisas… E assim a família foi formada dentro de um ambiente cultural e de muito aprendizado.

Maria gosta muito do livro que o seu tio Joaquim Maria Botelho escreveu sobre a irmã dele, Rovana. Ela é uma das três pessoas da família que são portadoras da Síndrome de Alport.

Mas seu livro preferido é um que foi escrito pela avó sobre um personagem antigo: “Calidoscópio – A Saga do Pedro Malazarte”.

Amigos e folclore Guimarães

Maria convive com amigos da sua idade e na sua grande maioria eles são totalmente alheios a esse universo da literatura. Especialmente do folclore. Mas ela conta que, quando apresentados aos temas tratados na literatura, eles se interessam bastante. E passam a curtir.

“Eu tive muita sorte”, diz Maria. “Minha avó me proporcionou muitas coisas, como participar de eventos sobre literatura e outras iniciativas que fizeram a grande diferença.”

Maria pretende fazer faculdade de Artes Cênicas. A arte está no DNA da família.

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Elisabete Junqueira

Publicitária e jornalista, fundadora e editora do portal avosidade, avó de Mateus, Sofia, Rafael, Natalia, Andrew, Thomas e Cecilia Marie

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