Dr. Eurico Correia: o novo papel da avosidade masculina
● Entrevista com o médico Eurico Alberto Araujo Correia
►O médico Eurico Alberto Araujo Correia é especialista em cardiologia, mas também se especializou numa área fora das clínicas e assim definiu sua carreira. Cursou mestrado em Medicina Farmacêutica em Dublin, na Irlanda e passou a trabalhar em grandes laboratórios, e hoje é Diretor Médico dos Laboratórios Pfizer no Brasil.
Assim como os pais, o avô tem hoje uma parte do papel que antes era da avó, diz o médico, que também é avô de duas meninas – Alice, de 6 anos; e Estela, de 2 anos. Segundo ele, nas últimas gerações aumentou muito o papel do homem no cuidado dos filhos e isto se projetou também para os netos no lado masculino.
O raciocínio dele é o seguinte: “Na geração dos meus filhos, os pais participam muito mais não só na educação das crianças, como no cuidado, como na dedicação, como no carinho. O que estava na origem da nossa sociedade, de um pai machista, isto hoje caiu por terra, não vou dizer que é 100%, mas é muito.”
Ele acrescenta que isto vem vindo de geração em geração, “quer seja com um carinho especial, com brincadeiras diferentes, e até mesmo no dia a dia, no cuidado delas. Isso mudou e eu atribuo a mesma mudança na participação do avô na vida dos netos. É um aspecto que a sociedade vem mudando, e mudando para bem. Por exemplo, eu me vi participando do cuidado com os meus filhos muito mais do que o meu pai participou comigo. As gerações modificam algumas coisas para bem, outras nem tanto.”
O Dr. Eurico que mora em São Paulo, diz que ela “é uma cidade cativante, mas ao mesmo tempo ela nos restringe uma série de coisas. Então, conseguir conciliar os afazeres do dia a dia com a oportunidade de estar com os netos é um grande desafio”. Ele também falou sobre as mudanças na vida provocadas pela chegada dos netos e o que fez sua vida se tornar diferente. E foi a emoção de ter netos.
A seguir, os vídeos com os principais trechos da entrevista.
A continuidade da existência
O avô, assim como os pais, tem hoje uma parte do papel que antes era da avó
“Quando eu soube que meu filho ia ser pai, isso adiciona uma emoção extra e você começa a pensar na continuidade que está envolvida nisso”
A transmissão dos valores
O avô não mora com os netos e tem menor propensão a olhar para a disciplina
“Aquilo que a gente procurou passar para os filhos eles vão passar para os filhos deles, nossos netos”
A evolução dos netos
O relacionamento entre avô e netos é diferente porque não é diário
“Ver a evolução dos netos é um negócio recompensador. Você vê nos filhos, mas nos filhos é diferente”
Participação crescente
A cada geração, os pais aumentam a sua participação na criação dos filhos
“Os pais participam muito mais, não só na educação como no cuidado, como na dedicação, como no carinho.”
Limites com aparelhos móveis
A tecnologia é solução, mas exagero é problema, principalmente para as crianças
“Você vai ao restaurante e ninguém conversa mais porque estão todos entretidos com seus aparelhos móveis, sejam tablets, sejam telefones e ninguém mais conversa”
Presencial versus digital
Há família que procuram entreter as crianças pequenas com aparelhos eletrônicos
“Nós mudamos, agora, quando a gente vai a algum local, a gente providencia alguma coisas para elas (as netas) ficarem desenhando e não ficarem tuitando”
Médico e vovô
Os conflitos dos avós com as técnicas médicas preferidas pela nova geração de pais
“A minha preocupação eu diria que é a mesma, e sendo médico é pior ainda. O médico é famoso por cuidar mal da sua própria saúde”
Risco de gerar atritos
Não é saudável os avós interferirem nos cuidados com a saúde dos netos
“Meus filhos às vezes me procuram para pedir opinião sobre coisas que não são médicas, de outras coisas em geral, e isto é gostoso”
Convívio prolongado
As pessoas vão viver mais e terão mais tempo com a família e com os netos
“Viver mais tempo com eles significa ser demandado por eles, e aí, dentro desse contexto, faz muito sentido a gente pensar em atitudes de a saúde”
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