Gerações

Quem Vive, Não Morre

● Os avós que formam os quatro elementos da natureza

O quarteto de avós, cada um sendo complementar ao outro, sempre vivos na memória afetiva da neta

Diz o ditado que avô e avó são pai e mãe duas vezes; posso comprovar esta tese. Algumas das coisas mais importantes que tenho como conhecimento e experiências na vida me foram proporcionadas por estes seres amorosos e presentes. Comparo-os aos 4 elementos a natureza e vocês já vão entender o porquê. Vive.

Meu Avô Manoel Barradas me fez ter amor pelas palavras certas, tanto na grafia quanto no significado; o prazer de aprender, o amor pelo Mar, pelo Cinema, pela Fotografia e pelo futebol, através do Esporte Clube Vitória, seu clube do coração.

Foi ele também que nos ensinou a nadar! Foi campeão de natação e polo aquático na juventude e nos inspirava a essa vida saudável com vigorosos exercícios físicos.

Ensinou Fittipaldi a dirigir Vive

Além de tudo isso, ele adorava carros e dizia pra gente que ele que tinha ensinado Emerson Fittipaldi a dirigir. Lógico que eu acreditava 🙂

Eu também gosto muito de carros, máquinas, velocidade e acho que acabei sendo influenciada por ele que sempre fazia questão de falar sobre barcos, aviões e sempre tinha um carro novo.

Me recordo de todos os seus Opalas, desde quando eu nasci até quando ele partiu.

A avó empreendedora Vive

Minha avó Eloyna Barradas me fez desenvolver o amor pelos sabores, pelos aromas dos bons ingredientes que fazem os bons licores e os bons doces. Era uma empreendedora, tinha seu próprio negócio e uau! que demais uma mulher com aquela determinação naquela época!

Me proporcionou algo sensacional: não ter medo de tomar injeções. Sua voz, seus gestos, seu toque eram pura candura; uma pessoa inteligente e elegante, sábia e espiritualizada.

Não aceitava que os netos e netas não estudassem algum instrumento musical. Agradeço a ela por isso. Embora eu não toque nenhum instrumento muito bem, este contato me trouxe muita leveza e alegria, e até hoje eu tento 🙂

Minha avó era também “sensitiva”; via e ouvia coisas que pareciam intuição, mas creio que eram “informações” mesmo, porque ela acertava em muitas premonições. Ela era, para mim, sem dúvida, um espírito avançado.

Fonte de saber Vive

Conversar com meus avós Manoel e Eloyna Barradas era fonte de saber. Acho que fui a neta que passou mais tempo na casa deles, que era bem perto da nossa. Com isso, entre os netos, acabei sendo o que mais conhece das histórias das suas famílias.

Eles me contavam por horas a fio e eu adorava ouvir. Hoje, sou eu que conto estas mesmas histórias para os meus irmãos e para os meus filhos.

A propósito, me vem uma memória de pouco antes do meu avô partir: ele me confiou guardar um álbum que tinha fotos de 4 gerações – dos seus familiares, dele pequeno, passando por minha mãe e minhas tias, meus irmãos, até eu mesma pequena.

Embora pertença a toda a família, está sob minha custódia até hoje, e me senti muito honrada pela sua confiança. Ele sabia o quanto eu valorizava as fotos e isso ainda é uma verdade 🙂

A avó à moda antiga Vive

Minha avó Iaiá era aquela avó que só não foi uma Dona Benta porque, apesar de ser “da Fazenda”, morava àquela altura no centro da cidade. Ela recebia muitas pessoas humildes na sala da casa. Pessoas que queriam um copo d’água, um prato de comida, uma palavra de consolo.

Quando a gente chegava, ela levantava e dizia a todos: “agora, vocês têm que ir embora, porque eu vou receber meus netos”. Apesar de serem dispensadas naquele momento, tenho certeza de que todas aquelas pessoas saíam de lá melhor do que entraram, simplesmente pela atenção que ela lhes dava.

Era só a gente colocar os pés na sua casa e a mesa se enchia de doces e sorvetes maravilhosos que eram feitos com frutas do seu quintal e com todos os macetes que tornam um doce incomparável, desde o uso das ferramentas adequadas até o ponto de cozimento.

Sua casa tinha ambientes e cantinhos incríveis. Móvel-vitrola-tv dos anos 50, sala de estar com um mini piano, um escritório cheio de relíquias e objetos antigos. No jardim, flores lindas e fonte com uma menina-estátua. Nesta casa, tinha até elevador! Que demais!

O ritual de tomar a bênção Vive

Por fim, vou falar sobre meu avô João Baptista, que pouco falava com a gente. E a gente pouco via, porque estava sempre na Fazenda. Mas, quando o víamos, ele nos dava um sorriso.

Íamos solenemente tomar a bênção, algo que já havia caído em desuso nos ambientes urbanos, mas não pra ele 🙂

Ele tinha uma Rural Willys. Eu, como apaixonada por máquinas, entrava naquele carro e achava o máximo. E ele nunca reclamou por eu mexer em tudo. Até hoje, não sei como aquele carro não saiu do lugar 🙂

Acredito que estes pequenos gestos e não-gestos eram a sua maneira de demonstrar que ele prezava a nossa presença.

Encerro este artigo reconfirmando alegremente como meus avós foram importantíssimos pra mim; um complementar ao outro, uma riqueza. Por isso, os vejo como os 4 elementos da natureza que se completam e nenhum pode deixar de existir.

Meu avô Manoel Barradas é como o elemento Terra: as coisas têm valor porque pode-se experimentá-las em coisas concretas. Minha avó Eloyna é como o elemento Água porque estimulou minhas emoções.

Minha avó Iaiá é como o Fogo, que nos ensina através de valores filosóficos. E meu avô João, é como o Ar, que não podemos pegar, mas tem valor à medida em que pode ser compreendido.

A todos eles, meu carinho e o meu profundo agradecimento! É como diz aquela frase “quem vive, não morre”. E eles vivem até hoje por aqui 🙂

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Gal Barradas

Publicitária e empreendedora

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