Gerações

Andar é para a frente

● Comemorando o Dia do Idoso, uma história inspiradora

Aos 87 anos, o desafio de superar perdas faz o nosso personagem estrear na literatura com mensagens de otimismo

Outubro é o mês em que se comemora o Dia Internacional dos Direitos da Pessoa Idosa, ou, de forma simplificada, o Dia do Idoso. É uma oportunidade para pensarmos em como tem sido a passagem do tempo para as diferentes pessoas. Andar.

“É pra frente que se anda.”

Sempre ouvi da minha avó Virginia Lúcia esse dito popular. Ela foi uma senhora sábia, que encarou com coragem os infortúnios da vida, e não foram poucos.

Perdeu filhos pequenos, o marido ainda jovem, as irmãs e o patrimônio deixado pelo marido, que foi subtraído por aproveitadores.

Ficou com a tarefa de criar os filhos e levar a vida em frente, numa época em que as mulheres tinham pouquíssimo preparo para encarar tudo isso – falamos da primeira metade do século XX.

Desde então o mundo e a sociedade mudaram muito. A longevidade é uma realidade em quase todos os países do mundo desenvolvido e avança aceleradamente no Brasil.

Contudo, os sentimentos humanos continuam os mesmos. Talvez o que tenha mudado seja a forma de tratar deles, com o apoio de profissionais de saúde, com novos contornos sociais, com novas dinâmicas de relacionamento.

Emoção e superação

Superar dores e perdas sempre foi um desafio. Às vezes, o jeito simples de quem viveu para experimentar superações pode ajudar quem precisa de apoio. É essa a história de Hamilton José Zanon, de 87 anos, que vou contar aqui.

Paranaense de Siqueira Campos, morador de Curitiba, Hamilton há mais de 40 anos, é funcionário aposentado do Banco do Brasil e bacharel em Direito.

E só nessa altura da vida estreia na literatura com uma mistura de contos e poemas em mensagens de otimismo, harmonia e equilíbrio.

Andar

Seu livro “Multiplicidade de Caminhos” traz histórias simples e sucintas que emocionam. Algumas mesclam ficção e realidade.

“O livro mostra que a vida se equilibra numa ponte que balança em cima de um rio. E você, com receio, a ultrapassa devagarinho. Mas também há outra, que está lá na frente, construída entre dois pontos fixos. Essa, sim, você ultrapassa com firmeza”, diz o autor.

A vida continua…

Hamilton encontrou forças na escrita para enfrentar grandes dores e tropeços da vida. Um de seus filhos, Marcelo, morreu num acidente de carro quando tinha apenas 18 anos.

“Não muito tempo depois, minha primeira esposa, Miraide, faleceu de câncer. Perdas irreparáveis. Acontecimentos trágicos. Entrei numa depressão profunda.”

“Minha filha se casou, foi morar em Maringá e fiquei sozinho em Curitiba. Com o nascimento de meu neto e logo depois de minha neta, fui me adaptando à nova realidade. Meus netos queridos não substituíram meu filho, mas me deram forças para continuar a viver.”

“Aos poucos, voltei a ler, caminhar no parque, frequentar uma academia de ginástica, fazer terapia, tudo ajudou.”

“Passado algum tempo de viuvez, conheci no parque a Olga, minha querida atual companheira. Com essas boas notícias, a inspiração para escrever veio despertando espontaneamente.”

São muitas histórias divertidas, com títulos sugestivos como “Lobisomem brincalhão”, “O prato voador” e a comovente “Os velhinhos queridos”. Todos os textos são independentes e de leitura fácil, cheios de calor humano.

A delicadeza das narrativas está também em leituras como “Multiplicidade”, um chamado às belezas da natureza e à persistência no que realmente importa na vida.

A receita é acreditar

“A lição desse livro é clara: ele leva o leitor a repensar se vale a pena ser pessimista”, diz o escritor.

Hamilton escolheu o caminho do otimismo e da coragem para expulsar a tristeza para longe e consolar o coração. Atualmente ele trata de um câncer de próstata, com recidiva da doença, mas segue firme e acreditando na vida.

Essa é receita de Hamilton. Seguir em frente, como ele, como minha avó Virginia Lúcia, como tantas pessoas que, apesar das dificuldades, superaram seus traumas e aproveitam a vida.

Feliz Dia do Idoso! Para os que já são idosos e para os que um dia terão o privilégio de chegar à maturidade, essa fase com tantas possibilidades e novas descobertas.

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Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Andar. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Andar. É. Andar. Oi. Andar.
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Elisabete Junqueira

Publicitária e jornalista, fundadora e editora do portal avosidade, avó de Mateus, Sofia, Rafael, Natalia, Andrew, Thomas e Cecilia Marie

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