Ser avó em plena pandemia

● ● Olívia, a neta dos olhos de azeitona, nunca tinha visto uma árvore
► Metade do mês de março. Minha mãe e eu decretamos o nosso isolamento social, imposto pela covid-19. E na sexta-feira, logo na primeira semana de isolamento, nasce minha segunda netinha, a Olívia, em um momento em que todos estávamos perplexos diante de uma realidade que se apresentava totalmente nova e imprevisível. Plena.
Meu aniversário é no começo de junho. E naquele dia 20 de março, quando a Olívia chegava ao planeta Terra, imagine que eu estava fazendo os planos para uma enorme festa de aniversário, em que toda a família e amigos se reuniriam na minha casa.
Tola, acreditava que no máximo em dois meses tudo teria voltado ao “normal”.
Creio que um dos maiores desafios de toda a minha vida foi ter de ficar em casa naquela sexta-feira. A clássica foto na maternidade não tinha a família ao lado do casal e da bebê, mas sim toda a equipe médica que participou do parto. Plena
No futuro, a gente ainda vai rir da situação. Mas naquele dia, eu chorei. Chorei porque uma das maiores alegrias de uma avó é segurar a neta (ou o neto) no colo, assim que ele (ou ela) chega ao mundo.
A gente quer ter aquele diálogo sem palavras audíveis, apenas para dizer que estamos ali, para o que der e vier. A gente quer o abraço, o aconchego, o cheirinho, dar o nosso apoio com a nossa presença física. Nada disso me foi permitido.
Curtição à distância Plena
Enquanto a Olívia nascia, operários trabalhavam na construção de um hospital de campanha, visível da janela do quarto do hospital Albert Einstein, no Morumbi, em São Paulo.
Meu filho mandou a foto. Impressionada, a vovó aqui começou a calcular que talvez aquela festa de aniversário não acontecesse tão cedo, da forma como tinha sido planejada.
Acompanhei o progresso da Olívia pelas fotos que meu filho mandava (e ainda manda) todos os dias no grupo do WhatsApp criado especificamente com esse fim. Cada foto dela que chegava era uma lágrima que escorria dos meus olhos.
A vontade de estar perto, de pegar no colo, de me fazer conhecida por ela chegou até um nível que considero insuportável. Isso porque a Olívia é a minha segunda neta. A primeira, a Helena, já apareceu aqui no avosidade também.
Mas calcule então a aflição da avó materna, que não podia ver a sua primeira neta. A gente trocava mensagens, uma se solidarizando com a outra.
O dia do encontro Plena
Até que chegou o grande dia: meu filho veio nos buscar em casa, estreamos as nossas máscaras e fomos conhecer a Olívia, transgredindo o isolamento.
Mas, se estávamos isolados nós aqui e eles lá, e se estava difícil demais lidar com a situação, decidimos que havia chegado o momento.
Uau! Quanta emoção finalmente poder segurar a minha neta no colo, depois de uma espera de um mês e três dias (que pareceu uma eternidade). Pude me apresentar para a minha pequerrucha e seus olhinhos de azeitona, em alusão ao seu nome.
Depois disso, eu a vi apenas mais duas ou três vezes. Parece até que a gente mora em cidades diferentes, quando, na verdade, são bairros vizinhos, a uma distância que pode ser percorrida a pé.
No sábado da semana passada, a Olívia finalmente viu uma árvore. Fomos a uma pracinha e era a primeira vez em que não havia paredes ao lado dela ou um teto acima da sua cabeça. Com os olhinhos arregalados, ela via o mundo exterior pela primeira vez.
E eu repetia para ela:
— Oi, querida Olívia, eu sou a sua vovó. Você tem que me conhecer.
Depois, fiquei sabendo que a avó materna também fala a mesma coisa quando tem a oportunidade de se encontrar com ela.
Enfim, essa é a minha história, de amor e de isolamento, vivida nestes estranhos tempos pandêmicos.
Então. Pois. Então.
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Então. Pois. Então. Pois.
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Então. Pois. Então.
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Então. Pois. Então. Pois. Então.
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