► No dia da comemoração do Dia dos Namorados, em 12 de junho, alguém postou nas redes sociais: como comemorar, se não tenho namorado? Por que render homenagem ao Dia do Índio se não conheço nenhum? Só porque é Dia de Finados, vou ter de cultuar uma pessoa morta? Justiça
Estamos perto de 26 de julho, data reservada para comemorar o Dia dos Avós. E quem não tem avós, ou quem não tem netos? A data passa em branco, obviamente. Mas descobriu-se que tem gente que não se conforma com isso.
No dia 12 de maio de 2022, a mídia internacional noticiou: um casal que mora em Haridwar, cidade ao Norte do Estado de Uttarakhand, na Índia, quer processar o filho único e a nora por não lhes dar um neto.
Sanjeev Ranjan Prasad, de 61 anos, e sua mulher Sadhana Prasad, de 57, alegam que gastaram as suas economias para criar o filho Shrey Sagar, hoje com 35 anos, pagando-lhe o curso de piloto nos Estados Unidos, sustentando-o financeiramente enquanto esteve desempregado.
Pagaram também por uma festa de casamento de luxo do filho com Shubhangi Sinha, de 31 anos, proporcionando-lhes uma lua-de-mel em “destino paradisíaco”.
Seis anos se passaram e os jovens não tiveram filho. “Queríamos um neto para brincar quando me aposentasse”, afirmou Sanjeev, hoje funcionário público aposentado.
Assédio moral Justiça
Agora, ele e a mulher deram prazo de um ano para que o filho e a nora lhes deem um neto, sob pena de pagarem uma indenização de 50 milhões de rúpias indianas, ou 650 mil dólares, que correspondem em nossa moeda a 3,4 milhões de reais.
O processo foi considerado assédio moral pelo advogado do casal sem filhos e a expectativa era que, devido ao inusitado da situação, acabaria sendo arquivado.
Mas entrar com esse tipo de processo poderá se alastrar porque o governo do distrito de Satara, no Estado de Maharashtra, no Oeste da Índia, lançou em agosto de 2007 um programa para pagar 5 mil rúpias (340 reais) a casais que concordassem em adiar por dois anos o nascimento do primeiro filho para diminuir o índice de natalidade do distrito.
Na primeira fase do projeto, 977 casais se registraram, depois aumentou para 2.366, com uma desistência de apenas 155. No distrito de Satara, segundo a “Indian Express”, 25 mil casamentos eram celebrados em 2018, sendo que 80% tinham filhos um ano após se casarem.
A Índia tem população de 1,38 bilhão de habitantes. É o segundo país mais populoso do mundo, perdendo para a China, com 1,44 bilhão de habitantes.
Mais instrução, menos filhos Justiça
No Brasil, com uma população de cerca de 215 milhões de habitantes, mulheres com mais anos de estudo e com uma progressão maior na carreira profissional têm cada vez menos filhos.
Antigamente os próprios casais buscavam com o matrimônio constituir uma família com três e até mais filhos.
Hoje se contentam em ter um, no máximo dois, porque a vida agitada com estudos e trabalho e o ganho financeiro não lhes permite sustentar uma família numerosa.
Estudo do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPPA), agência de saúde sexual e reprodutiva da Organização das Nações Unidas (ONU) mostra que em 2018 era de 1,7 filho por mulher, abaixo da média mundial, de 2,5 filhos.
Oscar Noguchi, meu marido, e eu tivemos um casal de filhos que nos presentearam com quatro netos maravilhosos.
Parentes e amigos com filhos casados, mas sem netos, nos faz lamentar por eles a solidão que os cerca à medida em que a velhice avança e a vida segue sem a convivência com a algazarra das crianças.
Não achamos que se deva chegar à antipática decisão de processar filhos e noras por não lhes dar netos. Mas tê-los, sem dúvida nenhuma, faz uma grande diferença.
E mais… Justiça
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