Das cartas às redes sociais
● Educação midiática é desafio na relação entre avós e netos

► Lembro-me que, quando criança, vivia em São Paulo e meus avós maternos, no interior. Assim que aprendi a ler e a escrever, enviar e receber cartas da vovó Vera se tornou um presente precioso, carregado de carinho e alegria.
Essa era a nossa forma de comunicação até as tão aguardadas férias escolares, quando eu podia passar um mês inteiro ao lado deles.
Hoje, as formas de comunicação mudaram. Tudo é mais rápido e acessível. Netos e avós trocam olhares e palavras carinhosas por meio de chamadas de vídeo nas redes sociais. Que maravilha essa conexão!
Mas ela apresenta desafios. Embora os mais jovens tenham uma relação quase intuitiva com as tecnologias digitais, isso não diminui a necessidade de cautela e responsabilidade nesse universo.
O mesmo vale para os mais velhos, que desejam iniciar essa vasta e desconhecida navegação.
A educação midiática surge, nesse contexto, como um elemento essencial para fortalecer as aprendizagens, promovendo um uso seguro e ético das mídias. Essa troca de conhecimentos de maneira intergeracional, pode ser ainda mais positiva e eficiente.
Por exemplo, quando os avós aprendem a navegar nas redes sociais ou a fazer chamadas de vídeo, aproximam-se da rotina dos netos e reduzem a distância imposta pela vida moderna.
Ensinar e aprender sobre riscos
Ao mesmo tempo, os mais jovens podem aprender com a experiência e o senso crítico de seus avós sobre a importância de verificar informações e usar a internet de forma consciente. Ou também, ao contrário, não é mesmo?
Ensinar os avós a identificar fake news e golpes virtuais é tão importante quanto ajudar os netos a entender os riscos do excesso de exposição online.
Os desafios impostos pelas mídias podem incentivar o diálogo sobre o que consumimos e compartilhamos. Essa construção coletiva e intergeracional do saber digital reforça os laços afetivos e cria espaços de aprendizado mútuo.
Educar-se midiaticamente é, no fim das contas, educar-se para a convivência. Avós e netos têm muito a ensinar uns aos outros, e a tecnologia, quando bem utilizada, pode ser a ponte que une essas vivências, transformando as diferenças em diálogo, acolhimento e afeto.
E, afinal, poder manter uma comunicação próxima, constante e saudável entre avós e netos, é como um afago na alma.
É a possibilidade de cultivar afetos essenciais, que nos ajudam na construção da identidade individual e familiar e na sensação de pertencimento.
Penso que, se pudesse, hoje em dia continuaria a enviar mensagens escritas para a minha avó, pois adoro escrever, mas a mensagem chegaria bem mais rápido do que as cartas via correio.
▲ ▼ ▲
E mais…
Veja também no portal avŏsidade: