Gerações

Giovanna e a graça de Deus

● A chegada da neta, aprendiz e mestre, reafirma o eterno renascer

A avó compartilhando novas descobertas com a neta Giovanna, nome que vem do hebraico “agraciada por Deus”

Quando aquele serzinho inocente apareceu na janela da maternidade, surgiu em mim também a certeza do eterno renascer e do amor genuíno. Eu já amava aquela criança de grandes olhos castanhos e sorriso fácil, aquela alma que vinha ensinar e aprender em nosso núcleo familiar. Giovanna.

No entanto, veio também a incerteza. Lembro de ter pensado em como ser avó sem me encaixar no modelo tradicional.

Como exercer esse novo papel, às vezes inesperado, sem ser excessiva ou distante? Giovanna, do hebraico, “agraciada por Deus”, minha neta mais velha, foi quem me colocou diante desse fabuloso desafio.

Em uma época em que eu ainda me dedicava muito tempo e energia em ser mãe e os projetos profissionais se multiplicavam, eu entrava subitamente em litígio com minha linhagem feminina.

Ser uma “nonna” parecia acrescentar muitos anos à minha idade, mas sem acrescentar a experiência que o tempo traz consigo.

Em um dos primeiros Natais como avó, me senti disputando o afeto da minha neta com uma avó mestre-cuca e outra, postiça, que tricotava como ninguém. Qual seria meu legado como avó – meio intelectual, meio introspectiva, meio adulta ou criança demais?

Inseguranças. Meu filho mais velho, mais sábio, garantia que eu descobriria o meu jeito de ser uma boa avó. Em qualquer hipótese, Giovanna iria me amar!

E assim foi… Com sua amorosidade e alegria contagiantes, Giovanna foi-se tornando cada vez mais presente em meu coração. Resolvi ser a avó orientadora – escritora, aquela que dá amor através de pequenas histórias e que, sempre que possível, reforça o autoconhecimento.

A pequena Gio é também muito curiosa e criativa. Um dia, ao passarmos em frente ao Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi, onde eu trabalhava, perguntou muito séria: “O Palácio tem quantos quartos, vó? Não é de vidro, né?”

“Servo arbítrio” Giovanna

Eu ri muito com a imaginação dela – pura expressão da fase Frozen! E gradualmente fomos encontrando a nossa forma de conviver, nem de perto nem de longe, mas com espaço para crescimento e respeito mútuo.

Quando estamos juntas, tento transmitir lições que aprendi na vida, principalmente sobre o poder da palavra criadora, as virtudes e a espiritualidade. As coisas têm dado certo.

Outro dia, fiquei agradavelmente surpresa quando ela advertiu uma amiguinha que insistia em dizer que o pai não a iria deixar fazer algo. “Se você insistir em dizer isso, ele certamente não deixará”.

Foi um presente ouvi-la! É a prova de que é possível muito cedo aprender a usar as palavras de forma consciente e construir uma realidade diferente da de nossos antepassados.

Em outra ocasião, frente a um bolo de chocolate feito por mim que se despedaçou ao sair da forma, ela alegremente me ensinou que “o importante não é a aparência”. Aprendiz e mestre, essa Giovanna.

Aprendi com ela que ser avó é isso: um exercício de amor, de acolhimento humilde daquele ser único que escolheu nossa família como ambiente de aprendizado, com todo o afeto, conhecimento e circunstâncias presentes.

Ser avó é ensinar a importância de saber o que cada um veio fazer aqui e abrir espaço para que isso se manifeste.

Ser avó é explicar como transmutar defeitos, colocar as qualidades a serviço dos outros e pensar com liberdade. Como exercitar o arbítrio com consciência, sabendo que existe um “livre arbítrio” e um “servo arbítrio” e que é possível escolher.

Muito obrigada, amada Giovanna, pela oportunidade! Realmente uma graça de Deus!

 

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É. Oi. É. Oi. É. Oi. É. Oi. É. Oi. É. Oi. É. Oi. É. Oi. É. Oi. É. É. Oi. É. Oi. É. Oi. É. Oi. É. Oi. É. Oi. É. Oi. É. Oi. É. Oi.
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Regina Rebello

Jornalista, escritora e consteladora familiar, criadora do Projeto Biografia do Amor, trabalho de apoio terapêutico e editorial no resgate e ressignificação de histórias de vida

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