Comportamento

O sofrimento do cuidador do idoso

● Palavra de especialista: filhos idosos que cuidam dos pais

Com o avanço da longevidade, é comum filhos em seu próprio processo de envelhecimento terem que cuidar de pais

É comum o cuidador se dedicar tanto à pessoa de quem ele cuida, esquecendo ou deixando de lado as suas próprias necessidades, desejos e cuidados. Sofrimento

A longevidade avança e, hoje em dia, é comum vermos filhos já entrando no seu próprio processo de envelhecimento, tendo que aprender a lidar com as limitações inerentes a essa fase da vida, e, ao mesmo tempo, precisando cuidar de seus pais idosos, com mais de 80 anos.

O cuidado ao idoso, realizado em casa pela família, tem aspectos positivos como a possibilidade de um ambiente mais humanizado para o idoso dependente; por outro lado, geralmente, quem assume os cuidados costuma ser um único membro da família, o que provoca uma sobrecarga de tarefas para ele.

Essa sobrecarga pode causar a esse membro da família um grande desgaste físico e emocional, sem contar as situações conflituosas entre ele, a família e os profissionais de saúde que podem excluir o idoso de seu próprio cuidado, restringindo ou anulando sua autonomia.

A sobrecarga que implica em cuidar de uma pessoa idosa pode repercutir tanto na saúde física, como no aspecto psicológico do cuidador, elevando a sua ansiedade, podendo até causar a depressão.

A frustração por não conseguir realizar tudo o que é necessário no cuidado ao idoso, pode levar o cuidador a deixar de dar atenção às suas próprias necessidades e interesses, isolando-se do convívio social, prejudicando sua própria qualidade de vida, renunciando ao seu tempo livre e às suas necessidades emocionais para viver em função de cuidar do idoso dependente.

Sintomas físicos, psíquicos e sociais

O esgotamento emocional advindo dessa situação varia de acordo com o estado do idoso a ser cuidado, de seu quadro clínico e do tipo de cuidados que ele necessita, o que gera uma série de sintomas.

1 – Físicos: perda de energia, sensação de fadiga e cansaço, dor nas costas, dores musculares, cefaleia, tontura, incapacidade para relaxar, sensação de pernas pesadas.

2 – Psíquicos: ansiedade, depressão, alterações no sono, apatia, irritabilidade, nervosismo, pensamentos de suicídio ou de abandono, ressentimento em relação à pessoa de quem se cuida, sentimentos de desespero, dificuldade para manter a concentração, problemas de memória.

3 – Sociais: isolamento, perda de interesse, dificuldade nas relações interpessoais, reação exagerada a críticas.

São notórios a presença do estresse, da fadiga, da perda do tempo livre, da perda da privacidade, do custo financeiro, da perda do sono, da elevação da ansiedade no dia a dia da pessoa cuidadora e que se agravam dia a dia.

O ato de cuidar não é uma situação linear em que são vivenciados sempre os mesmos sentimentos: existem conflitos internos/externos e ambivalências. Além disso, o sofrimento prolongado por ver um ente querido definhando dia a dia, traz uma culpa muito intensa. Cito aqui um relato real de uma paciente de 62 anos que cuidava de sua mãe, uma senhora idosa com vários agravantes que limitavam ainda mais a sua autonomia:

“…Uma vez maltratei minha mãe com palavras, pois eu estava no meu limite humano”, mas depois complementou: “…eu me arrependi amargamente e sofri muito com a culpa de ter tido essa atitude”.

Fases que levam ao esgotamento

1ª fase – assumir a liderança diante da situação: a princípio, o cuidador é quem assume a grande maioria das responsabilidades. Outros familiares podem colaborar, mas, geralmente, eles acabam deixando de lado a sua parte das responsabilidades, com muitas justificativas, nem sempre aceitáveis, delegando toda a responsabilidade para o cuidador.

2ª fase – desequilíbrio entre as exigências e os recursos: momento em que o cuidador percebe que as exigências do idoso a ser cuidado são muito grandes e, para isso, é necessário dedicar muito mais tempo e mais cuidados do que havia imaginado, o que esgota os seus recursos, tornando-se desgastante para ele.

3ª fase – reação diante da sobrecarga: com o tempo, o aumento de horas e de cuidados dedicados ao idoso dependente produzem elevados níveis de estresse e esforço e, com isso, começam a aparecer os primeiros sintomas da chamada “Síndrome do Cuidador”, tais como: esgotamento físico e mental, ansiedade, sentimentos de tristeza, isolamento social ou alterações do sono, entre outros devidos à sobrecarga do cuidador.

4ª fase – alívio: quando o idoso dependente falece, o cuidador teme expressar o alívio que essa situação trouxe para ele porque se sente culpado em ter tal pensamento, uma vez que deveria estar triste porque o idoso faleceu. Vale dizer que esse alívio é natural, uma vez que o cuidador se encontrava totalmente preso diante dessa situação. Em muitos casos, é preciso que o cuidador faça um acompanhamento psicológico para vivenciar melhor esse processo de luto e acabar com a culpa.

Cuidados para superar a síndrome

1 – Informação – O cuidador deve estar muito bem-informado sobre todas as necessidades do idoso dependente, aceitando a problemática que envolve esse idoso, sem gerar falsas expectativas de melhora, compreendendo as limitações dele, agindo para aumentar a autonomia dele dentro das suas possibilidades. O cuidador jamais deve pensar que o idoso faz determinadas coisas apenas para incomodá-lo!

2 – Ter consciência dos próprios limites – O cuidador tem a obrigação de respeitar-se, percebendo seus limites, cuidando bem de si mesmo para poder cuidar bem do idoso dependente!

3 – Tratar das suas próprias necessidades – O cuidador deve estar atento às suas próprias necessidade, cuidando de si mesmo, mantendo uma alimentação saudável e um sono reparador, programando períodos de descanso longe do idoso dependente, sem se sentir culpado por cuidar de si mesmo. Esses cuidados consigo mesmo são essenciais para que o cuidador esteja bem para poder cuidar bem.

4 – Compartilhar a evolução dos cuidados ao idoso com outros familiares e a sobrecarga atrelada aos cuidados dele – Falar não só da parte prática dos cuidados, mas compartilhar com os familiares os próprios sentimentos, medos e preocupações sobre esses cuidados, colabora para a sensação de que a carga é menor.

É comum que o cuidador não compartilhe com seus familiares suas preocupações, frustrações, ressentimentos e pensamentos negativos por medo da culpa. Nesse caso, o acompanhamento psicológico é fundamental para que ele possa lidar de forma positiva com seus sentimentos negativos, diminuindo seu estresse.

O cuidador de idoso precisa ter em mente que para cuidar bem de alguém, antes de tudo, ele precisa estar muito bem consigo mesmo e cuidar de si em primeiro lugar!

Crédito da foto: Vladimir Soares / Unsplash
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Dra. Olga Tessari

Psicóloga (CRP06/19571), formada pela Universidade de São Paulo (USP), pesquisa e atua com novas abordagens da Psicologia Clínica em busca de resultados rápidos, efetivos e eficazes, voltados para uma vida plena e feliz; ama o que faz e segue estudando muito, com várias especializações na área; consultora empresarial, leva saúde emocional para as empresas; escritora, autora de 2 livros e coautora de muitos outros; realiza cursos, palestras e workshops pelo Brasil inteiro e segue atendendo em seu consultório ou online adolescentes, adultos, pais, casais, idosos e famílias inteiras que buscam, junto com ela, caminhos para serem felizes

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