Comportamento

Dra. Olga: conflitos de gerações

● Os idosos carregam experiências, mas os jovens têm seu lugar

Opiniões divergentes não necessariamente são equivocadas e cada pessoa pensa e age conforme suas próprias vivências

Se no passado adultos e crianças se misturavam e todos conviviam harmonicamente, sem conflitos de gerações, no ambiente de trabalho, nas festas da comunidade e no dia-a-dia da família, pois não havia uma noção clara de infância, muito menos das outras etapas da vida, observamos, hoje em dia, um distanciamento físico e afetivo entre as várias gerações.

Cada vez mais as pessoas se isolam umas das outras, ocupadas com os seus celulares, numa sociedade que valoriza a competição, o individualismo, o consumismo, o ter ao invés do ser.

A consequência? Perde-se a riqueza das trocas de experiência entre as várias gerações na família, na escola, no trabalho e nos demais espaços sociais.

E essa carência na troca de experiências, muitas vezes associada à falta de tempo disponível para que os pais possam interagir de forma autêntica com os seus filhos, orientando-os e ensinando a eles a importância do respeito a todos, sem qualquer distinção, também colabora para que os conflitos intergeracionais se instalem.

Cada geração tem experiências de vida diferentes, relacionadas ao momento histórico e social em que está inserida!

Os idosos já experimentaram inúmeras situações, carregam consigo muitas experiências de vida que, em muitos casos, os levam a ter uma certa dificuldade em compreender a realidade do mundo atual.

Os mais jovens, por sua vez, estão construindo suas próprias experiências e, em muitos casos, discordam do posicionamento das pessoas mais velhas.

Realidades diferentes

E é aí que se iniciam os conflitos. Mas, como superar esses conflitos?

É essencial e primordial entender que cada geração vivencia realidades diferentes e que é fundamental estar aberto ao diálogo e se tornar mais flexível diante dessa diversidade de visões de mundo.

Os jovens, hoje em dia, tem muito mais informação, ainda estão desenvolvendo o seu conhecimento e o pensamento crítico, mas praticamente não possuem quase nenhuma experiência de vida.

Os mais velhos, por sua vez, podem contribuir com os mais jovens trocando suas experiências com eles, através de um diálogo aberto e respeitoso.

Vale dizer que, embora os mais velhos tenham mais maturidade e conhecimento, eles também podem aprender muito com os jovens, desde que estejam abertos para isso, revendo seus conceitos e valores.

Um bom exemplo é o uso das tecnologias, algo que os jovens dominam muito bem: através delas os mais velhos podem evoluir para uma visão mais ampla do mundo, entendendo conceitos como diversidade, sustentabilidade, globalização.

Como já disse, para lidar bem com as diferenças entre as gerações, é preciso estar aberto a dialogar, a entender que opiniões divergentes não necessariamente são equivocadas e que cada pessoa pensa e age de forma diferente de acordo com suas próprias vivências, que são singulares.

Mais do que falar é preciso saber ouvir e incluir todas as gerações nas conversas familiares, ouvindo o que cada um tem a dizer do começo ao fim sem interrupções.

Cada um dizer o que pensa

Mais do que criticar a visão ou conceito do outro, apontando os seus defeitos ou simplesmente criticando a visão dele, é necessário se fazer compreender para o outro, de forma que ele não se sinta apenas menosprezado ou visto como o errado da história.

As reuniões em família deveriam ser uma constante: fazer uma refeição em conjunto colabora para o diálogo e o estreitamento das relações entre as gerações, permitindo que todos possam se sentir à vontade para falar sobre qualquer assunto sem julgamentos ou críticas somente por pensarem de forma diferente dos demais.

Uma boa comunicação é fundamental, fazendo prevalecer o respeito ao direito de cada um dizer o que pensa.

Todos somos diferentes e, em algum momento, vamos pensar diferente da forma como pensam aqueles que nos cercam.

Se você quer ser respeitado na sua visão de mundo, nos seus conceitos e valores, você também precisa respeitar a visão de mundo do outro que, certamente, vai ser diferente da sua.

E não há nada de errado nisso!

O mundo evolui, a história segue e é graças às novas visões de mundo, do diálogo permanente entre as pessoas de todas as idades, de estar sempre aberto a aprender, revendo seus conceitos e valores, que o mundo se transforma.

E não há idade limite para evoluir, aprender e melhorar-se como pessoa. E esse é o caminho para que as diferentes gerações possam conviver pacificamente entre si.

Imagem: Agência Brasil / Reuters / Issei Kato

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Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. E. Conflitos de gerações. Então. Conflitos de gerações. Pois. Conflitos de gerações. E. Conflitos de gerações.
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Dra. Olga Tessari

Psicóloga (CRP06/19571), formada pela Universidade de São Paulo (USP), pesquisa e atua com novas abordagens da Psicologia Clínica em busca de resultados rápidos, efetivos e eficazes, voltados para uma vida plena e feliz; ama o que faz e segue estudando muito, com várias especializações na área; consultora empresarial, leva saúde emocional para as empresas; escritora, autora de 2 livros e coautora de muitos outros; realiza cursos, palestras e workshops pelo Brasil inteiro e segue atendendo em seu consultório ou online adolescentes, adultos, pais, casais, idosos e famílias inteiras que buscam, junto com ela, caminhos para serem felizes

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