Comportamento

Dra. Olga: morar só na maturidade

● Só é preciso amor e medidas simples, porque eles merecem

Quase 90% dos idosos preferem viver sozinhos para manter a sua independência, ainda que assim se sintam solitários

Segundo o Estatuto do Idoso, pessoas acima de 60 anos têm o direito a ter uma moradia digna, acompanhados ou não dos familiares, ou em instituições públicas ou privadas. Muitos idosos optam por morar sozinhos por não desejarem sair da casa onde passaram a maior parte de sua vida e porque não querem abandonar as suas lembranças, além de já estarem completamente adaptados ao ambiente.

Um artigo publicado por pesquisadores da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, revela que quase 90% dos idosos preferem viver sozinhos para manter a sua independência e temem se tornar muito dependentes dos demais caso percam o seu próprio lar, ainda que muitas vezes se sintam solitários.

Sabemos que o avanço da idade vai trazendo consigo muitas limitações e fragilidades e nem sempre o idoso se dá conta disso. Por isso, é fundamental que a família sempre esteja presente na vida do idoso! Quando o idoso opta por morar/viver sozinho e se ele está saudável, a família deve colaborar para que o lar dele seja o mais seguro possível para ele nessa fase da vida.

Medidas simples como a colocação de barras de apoio no banheiro, instalar corrimões onde haja degraus e melhorar a iluminação de todos os ambientes, fazendo uso de um timer ou sensor para acender as luzes em locais de passagem como corredores, evita muitos acidentes.

Alarme de emergência

Outro ponto importante é verificar todas as maçanetas e fechaduras das portas para evitar que o idoso acidentalmente se tranque em algum cômodo da casa e fique sem comunicação. O idoso precisa ter uma forma de entrar em contato com o mundo externo em qualquer situação, seja um tombo, uma dor, uma necessidade qualquer.

Hoje em dia, com o avanço da tecnologia, há várias formas de acionar um botão de emergência, instalado em colares ou pulseiras, que podem ser acionados com um simples toque e é preciso que os idosos os carreguem consigo por onde forem. Dessa forma, caso haja algum problema, eles poderão solicitar ajuda prontamente!

Além disso, já existem equipamentos como sensores de quedas, movimentos e até de sinais vitais. Essa é uma forma de manter a vigilância sobre os idosos, garantindo a paz dos familiares, sem a necessidade de invadir a privacidade deles, colaborando para a manutenção da independência e autonomia do idoso que vive sozinho.

Dentro da casa do idoso é preciso fazer algumas mudanças para evitar quedas desnecessárias como pisos antiderrapantes nas escadas, na cozinha e no banheiro, reposicionar móveis ou objetos de decoração que dificultem a passagem dele e causem tropeços, como tapetes, que, se forem mantidos, devem permanecer muito bem fixados no piso.

Quanto aos armários, é preciso que tudo o que o idoso necessitar esteja ao alcance de suas mãos, sem precisar de escadas ou cadeiras para alcançar tais objetos em prateleiras mais altas, o que colabora para evitar o risco de quedas.

Arrumar a bagunça

O fato de o idoso querer morar sozinho não significa, necessariamente, que, às vezes, ele não se sinta solitário e/ou abandonado. Estando solitário ou isolado do seu meio social, o idoso pode desenvolver a depressão, assim como apresentar uma piora em suas funções cognitivas como a memória e o humor.

A família deve visitá-lo com frequência, realizar reuniões festivas, trazendo amigos do idoso que proporcionem momentos de alegria e diversão, com conversas sobre assuntos leves e divertidos.

Mas é certo que, se a família não arrumar toda a bagunça que fez durante a visita antes de ir embora, isso pode ser um motivo para que o idoso não queira mais ter tais reuniões de familiares e amigos em sua casa no futuro.

O acompanhamento constante da família, demonstrando sua preocupação com a saúde dele e sua segurança é fundamental para que o idoso viva bem sozinho.

E quais são os sinais que podem indicar que o idoso já não tem mais condições de morar sozinho? O que é preciso avaliar para entender que o idoso já não tem mais condições de morar sozinho?

Doenças pré-existentes costumam se agravar com o avanço da idade, o que pode colaborar para que a capacidade física e mental do idoso seja abalada, o que pode interferir em sua rotina do dia a dia ao morar sozinho.

Por isso, é importante verificar se ele se alimenta bem, se toma a medicação de acordo com a prescrição médica, se sua higiene pessoal está em dia.

Falta de cuidados pessoais

Além disso, é necessário verificar:
l se o idoso se isola de forma a se recusar a sair de casa ou de não querer mais receber pessoas em sua casa;
| se há um acúmulo de correspondências, de contas vencidas e de itens espalhados pela casa que não tem serventia alguma;
l se existe um estoque exagerado de determinados produtos porque o idoso se esquece de que já comprou e compra novamente;
| se há muita desordem e sujeira na casa (e antes não era assim), e, principalmente, quando ele permite a entrada de pessoas estranhas em sua casa.

A falta de cuidados pessoais como não fazer a barba, as unhas, maquiagem, usar roupas sujas, amassadas ou abotoadas de forma errada, evitar banhos, também podem ser sinais de que está na hora do idoso deixar de morar sozinho.

A família pode optar por contratar um cuidador de idoso para acompanhá-lo no seu dia a dia, que atuaria como um colaborador, trabalhando para o idoso, auxiliando-o nas tarefas mais difíceis ou aquelas que ele já não gosta mais de fazer.

A independência e a autonomia do idoso seriam mantidas e ele continuaria vivendo bem, com segurança, sem perder a sua privacidade e a sua independência.

É preciso conversar calmamente

Mas, se o custo de um cuidador for oneroso para os familiares, os membros da família podem se alternar e cada um morar temporariamente com o idoso na casa dele, seguindo as regras da casa impostas pelo idoso, desde que elas colaborem para o bem-estar dele.

Os familiares jamais devem impor novas regras! Mas, se elas forem estritamente necessárias para o bem-estar do idoso, é preciso conversar calmamente com ele e explicar até que ele entenda a necessidade dessas novas regras.

Se nenhum familiar tiver condições de deixar a sua vida para morar com o idoso, assumindo os cuidados com ele, é melhor optar por leva-lo para morar em um residencial, um lar de idosos, uma casa de idoso, enfim, um local onde ele possa manter sua saúde e seu bem-estar.

É até melhor para o idoso que ele esteja em um ambiente saudável, com profissionais capacitados e com atividades de lazer, que colaborarão para que ele viva bem ao lado de pessoas de sua faixa etária, com hábitos e costumes semelhantes aos seus, criando vínculos de amizade, integrando-se nas atividades e trocando experiências.

Jamais esquecer os sacrifícios

A atenção, o carinho e o acolhimento são essenciais nessa fase da vida e colaboram para que o idoso se adapte rapidamente nesse novo lar, sentindo-se seguro e amado.

Levar o idoso para morar na casa de um dos familiares ou fazer um rodízio entre os familiares para acolher o idoso em suas casas seria a última das alternativas.

Por melhor que seja a intenção da família, isso só vai trazer mais sofrimento para o idoso que, muitas vezes, se verá como um fardo ou um estorvo para a família.

Sem contar a dificuldade de ele se adaptar de tempos em tempos a novo ambiente totalmente diferente do seu, depois de passar tantos anos vivendo em sua própria casa.

Jamais devemos nos esquecer de todos os sacrifícios e esforço dos idosos nos cuidados com seus filhos, durante muitos anos de vida.

E, se somos o que somos, devemos agradecer a eles. Por isso, todo cuidado, atenção e carinho devem ser dedicados a eles nessa fase da vida porque o que eles querem mesmo é se sentirem amados! E eles merecem, não é?

Imagem: Freepik

E mais…

Veja também no outros textos da Dra. Olga no portal avŏsidade:

Dra. Olga: casamento entre idosos

Dra. Olga: conflitos de gerações

Os aspectos emocionais da obesidade

Dra. Olga: sorrir faz bem à saúde

Dra. Olga: vantagens da convivência

Dra. Olga: faz bem fazer o bem

Dra. Olga: fofoca é do mal

Afinal, o que é o languishing?

É possível viver sem medo?

O sofrimento do cuidador do idoso

Dra. Olga: namoro na 3ª idade

Dra. Olga Tessari: depressão, o que é?

Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Então.
[. .]
Acompanhe o portal avosidade também no Facebook, Instagram e podcast+!

Dra. Olga Tessari

Psicóloga (CRP06/19571), formada pela Universidade de São Paulo (USP), pesquisa e atua com novas abordagens da Psicologia Clínica em busca de resultados rápidos, efetivos e eficazes, voltados para uma vida plena e feliz; ama o que faz e segue estudando muito, com várias especializações na área; consultora empresarial, leva saúde emocional para as empresas; escritora, autora de 2 livros e coautora de muitos outros; realiza cursos, palestras e workshops pelo Brasil inteiro e segue atendendo em seu consultório ou online adolescentes, adultos, pais, casais, idosos e famílias inteiras que buscam, junto com ela, caminhos para serem felizes

Veja também

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *