Comportamento

O diálogo com os filhos e netos

● Dra. Olga: o descaso com relação às opiniões de pais e avós

Saber falar e, principalmente, saber ouvir são peças-chave de uma comunicação efetiva para que o respeito permaneça

O bom diálogo entre pais e filhos é fundamental para que haja uma boa relação entre eles em qualquer fase da vida.

Saber falar e, principalmente, saber ouvir são peças-chave de uma comunicação efetiva para que o diálogo e o respeito entre eles se estabeleça e permaneça pela vida afora.

Mas por que muitos filhos adultos não dialogam com seus pais, não respeitam a opinião desses idosos ou encaram a fala deles com descaso?

O descaso com a opinião dos pais idosos, mesmo que sejam pessoas ativas e independentes financeiramente, não surge por acaso.

Ele pode estar relacionado à forma como os filhos foram criados, ao fato dos pais terem sido presentes ou não na vida deles desde a infância, se os filhos ainda guardam consigo algumas mágoas e ressentimentos não resolvidos em relação aos pais, entre outros fatores.

Mas, longe de culpar os pais pelo descaso dos filhos, é preciso entender que, ao se tornarem adultos, os filhos têm o direito de manifestarem as suas opiniões e não necessariamente devem acatar tudo o que os pais dizem sem questionar!

Afinal, eles não são mais aquelas crianças ingênuas que acreditavam em tudo o que os pais diziam e que levavam a ferro e fogo tudo o que era dito por eles.

Saber falar e saber ouvir

É preciso entender que os filhos são criados para o mundo e que eles têm o direito de escolher os seus caminhos, as suas crenças e de emitir as suas opiniões, que podem ou não diferir radicalmente da opinião dos pais.

E eu pergunto: será que os pais estão preparados para o fato de que nem sempre têm razão, apesar de terem adquirido uma larga experiência ao longo de toda uma vida?

Ou, melhor dizendo, será que os pais também sabem respeitar as opiniões dos filhos, os caminhos e escolhas que eles fizeram para si mesmos?

É importante salientar aqui que não estou apontando quem está certo ou errado, mas qual das partes sabe falar e ouvir também! Sim, porque, como já disse, saber falar e saber ouvir são fatores fundamentais para que se estabeleça um diálogo.

E, convenhamos, se uma das partes não ouve o que a outra tem a dizer, querendo impor sua opinião ou ouvindo com descaso, sem respeito algum, mesmo que não concorde com ela, essa parte não está aberta a dialogar.

E, se ela não quer dialogar, é preciso rever a relação atual e reconstruí-la baseada no amor e respeito entre ambas as partes.

Há muitos pais que não aceitam que seus filhos pensem de forma diferente deles, que sigam por outros caminhos que não os escolhidos por eles!

E também há pais que seguem fielmente aquele dito popular “água mole em pedra dura tanto bate até que fura” e permanecem repetindo ad eternum as suas opiniões a cada encontro com os filhos, acreditando que os farão mudar de ideia em algum momento futuro.

E esse não é o caminho para o diálogo e o respeito entre as partes, ao contrário, colabora para que os filhos se afastem do convívio com seus pais!

O que é bom nos tempos atuais

Vivemos tempos de muitas mudanças a todo momento e sabemos que os jovens se adaptam a elas de forma muito mais rápida que os idosos.

O que era bom no tempo de juventude dos pais idosos não necessariamente é bom nos tempos atuais para seus filhos. O que é bom para os filhos hoje em dia, nem sempre é bom para os pais.

Na vida adulta, os filhos escolhem seus caminhos, isso é fato.

Cabe aos pais não necessariamente aceitar as escolhas deles ou aconselhar o tempo todo, até porque muitos jovens querem correr os riscos por si mesmos, até para provarem para si mesmos que eles são capazes, que eles conseguem.

E, caso não consigam, é melhor refletir se vale a pena criticar os filhos porque não deu certo dizendo “eu bem que te avisei”, ou se o melhor mesmo é acolher, dar colo e carinho para demonstrar que eles continuam sendo amados pelo que eles são, apesar dos erros que cometeram.

Então, ao invés de ficar procurando culpados pelo descaso dos filhos, que tal repensar suas atitudes em relação a eles?

Há filhos que vivem numa condição tão egoísta que não conseguem olhar para além de si mesmos e, dessa forma, são incapazes de manifestar seu afeto e afeição para ninguém, muito menos para seus pais.

Pode ser também que os filhos estejam vivendo momentos de muitas cobranças, exigências e preocupações, permanecendo alheios ao momento em que estão com os pais, envoltos em seus problemas.

O amor deve sempre prevalecer

Que tal aproveitar toda a experiência de vida acumulada durante tantos anos para melhorar essa relação com os filhos? Pais e filhos são pessoas adultas que se amam e que desejam conviver bem entre si.

Portanto, antes de mais nada, é necessário olhar para os filhos de igual para igual, como adultos que eles são.

Sei que muitos pais têm muita dificuldade em aceitar que seus filhos cresceram, que tem seus próprios conceitos do que é bom ou ruim, do que é certo ou errado pois seguiram por caminhos escolhidos por eles, não necessariamente pelos pais.

E cabe aos pais entenderem que essas escolhas deles certamente devem trazer benefícios a eles, mesmo que os pais sejam incapazes de enxergar e que elas tornam seus filhos felizes.

Caso os pais não vejam a felicidade nos olhos dos filhos, não é bom ficar apontando e criticando suas escolhas, mas ajudá-los a refletir sobre elas. E antes disso, perguntar aos filhos se eles querem ouvir a opinião dos pais.

O melhor a fazer é explicar suscintamente o motivo da não concordância, dizer que as escolhas são deles e que cabe a eles decidirem o que é o melhor para eles.

E que, se suas escolhas não trouxerem os resultados desejados ou causarem sofrimento a eles, pais e avós sempre estarão de braços abertos para eles porque o amor deve sempre prevalecer.

Imagem: Divulgação

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Então. Pois. Então. É. Diálogo. Pois. Então. Oi. Pois. Diálogo. Então. É. Pois. Oi. Diálogo.
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Dra. Olga Tessari

Psicóloga (CRP06/19571), formada pela Universidade de São Paulo (USP), pesquisa e atua com novas abordagens da Psicologia Clínica em busca de resultados rápidos, efetivos e eficazes, voltados para uma vida plena e feliz; ama o que faz e segue estudando muito, com várias especializações na área; consultora empresarial, leva saúde emocional para as empresas; escritora, autora de 2 livros e coautora de muitos outros; realiza cursos, palestras e workshops pelo Brasil inteiro e segue atendendo em seu consultório ou online adolescentes, adultos, pais, casais, idosos e famílias inteiras que buscam, junto com ela, caminhos para serem felizes

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