► Desde que a homossexualidade deixou de ser considerada uma patologia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), há 32 anos, a população LGBTQIA+ [1] obteve várias conquistas no Brasil, dentre as principais: a legalização da cirurgia de redesignação sexual (1997); o uso do nome social (2009); a adoção homoafetiva (2010); a união civil (2011) e o casamento (2013) de pessoas do mesmo sexo (2011); a mudança de nome e gênero no registro civil (2018); a despatologização da transexualidade (2018); a criminalização da LGBTfobia (2019); e a liberação da doação de sangue (2020).
Realmente, não foram muitas, mas foram importantíssimas para a garantia da dignidade e de pertencimento dessas pessoas à sociedade.
Vale dizer que a maioria das conquistas não partiu do Poder Legislativo, mas sim das decisões do Poder Judiciário, já que é evidente o infeliz conservadorismo do Congresso Nacional.
Uma das decisões mais importantes, senão a mais, é a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) [2] que tornou crime a discriminação por motivos de orientação sexual e identidade de gênero, enquadrando os atos decorrentes dessas razões como passíveis de punição pela Lei de Racismo (Lei 7716/89), considerando-os como espécie de discriminação por raça, na acepção político-social de raça e racismo.
Isto é, a LGBTfobia foi reconhecida como espécie de racismo pelo STF, que não legislou, muito menos fez analogia ao reconhecê-la como tal, mas trouxe mais consciência social de que condutas LGBTfóbicas são intoleráveis!
Não obstante, mesmo sendo a LGBTfobia reconhecida como crime de racismo no Brasil, cuja pena prevista é de um a três anos (podendo chegar a cinco em casos mais graves), infelizmente ainda não foi superado o mito da “cura” associada a quem não adota comportamentos “normais”.
Esclarecendo os termos
Não há “cura”, pois não há “doença”.
Não é opção, e sim orientação sexual.
A orientação sexual é direito de cada um e respeitar é dever de todos.
O amor de cada um deve ser respeitado, mesmo que para você seja diferente.
Você não precisa ser homossexual para respeitar um homossexual.
Respeite e ponto.
Ser gay não é estranho. Estranho é ser homofóbico – LGBTQIA+fóbico, melhor dizendo.
O preconceito mata e, por isso, mas não só por isso, deve ser combatido fortemente.
Mais educação, mais respeito e mais amor, por favor!
—
[1] Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Queer, Intersexuais, Assexuais e outras identidades de gênero e orientações sexuais que não se encaixam no padrão cis-heteronormativo.
[2] Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) nº 26 e no Mandado de Injunção nº 4.733, ações protocoladas pelo PPS e pela Associação Brasileiras de Gays, Lésbicas e Transgêneros (ABGLT).
Imagens: Sharon McCutcheon / Unsplash
E mais…
Veja também outros textos desta autora no portal avŏsidade: