Dra. Olga: torcida em família
● Como ficam as relações familiares e sociais na Copa do Mundo
► Desde a minha infância, a cada 4 anos, sempre vi o país parar em dias de jogo de futebol do Brasil na Copa do Mundo. Nesse período de campeonato mundial, as ruas de muitas cidades costumam ser enfeitadas com as cores verde e amarelo, o povo na torcida se torna mais alegre e festivo, até parece que os problemas do dia a dia acabaram.
Famílias inteiras e amigos se juntam para acompanhar os jogos em clima de festa, de alegria e de comemoração, mesmo antes do jogo do Brasil começar.
Sempre foi assim, mas, nesse ano, o que se viu foi uma divisão entre aqueles que torceriam para o Brasil durante a Copa do Mundo e os que não torceriam, divididos por conta de uma política partidária.
A tradição de reunir famílias inteiras para ver os jogos do Brasil foi quebrada, muitos amigos também deixaram de ser convidados para esses eventos, o ódio a quem não defende os mesmos valores partidários foi deflagrado.
Não quero aqui entrar na questão política de afirmar quem está certo ou errado, mas fazer uma reflexão sobre o que a divisão política atual tem causado a inúmeras famílias, gerando conflitos entre elas, discussões e agressões sem fim, rompendo laços de amizade de muitos anos, trazendo muito sofrimento a todos.
E para que serve tudo isso?
Não podemos nos esquecer de que o longo período da pandemia do coronavírus colaborou para o afastamento entre as pessoas: fomos obrigados a permanecer isolados em nossas casas, longe do convívio com amigos e familiares.
Conviver com todas as opiniões
E agora, aos poucos, justamente quando estamos retomando a nossa vida social e familiar, ainda com medo do vírus, por que evitar o contato com aquelas pessoas que sempre amamos, mas que agora odiamos, apenas porque elas pensam de forma diferente da nossa?
Por elas não pactuarem das mesmas crenças e desejos que os nossos em relação ao futuro do país?
Onde está a nossa capacidade de entender que todos somos diferentes e que essas diferenças, ao invés de nos separar, podem servir para que aprendamos a lidar com o diferente, respeitando essas diferenças?
Já dizia uma propaganda antiga: se todos gostassem do azul, o que seria do amarelo?
É consenso de todos que vivemos em uma democracia! E a democracia nos dá o direito de expressarmos os nossos pensamentos e desejos, desde que isso não prejudique os outros.
Ou seja: para que a democracia prevaleça, é preciso aprender a conviver com todas as opiniões, no mínimo respeitá-las, sejam elas quais forem!
E é essa troca de ideias, de opiniões e de visões de mundo que colabora para que possamos construir uma democracia cada vez melhor e mais sólida para todos.
E a pergunta que não quer calar é: por que, quando o assunto é política, as pessoas passam a se odiar, caso pensem de forma contrária ou diferente? O mesmo se aplica aos times de futebol! Por que odiar quem não torce para o seu time?
A Copa do Mundo mostra que times de países diferentes cumprimentam uns aos outros na vitória e na derrota, que a amizade e o respeito entre eles continua.
Onde está a nossa capacidade de aceitar que cada pessoa tem o direito de pensar como bem entender, de defender seu time, sua posição política, sua escolha religiosa, seus gostos pessoais?
Lidar com o diferente e se respeitar
E não é porque ela pensa diferente de você em algumas questões, que essa pessoa deve ser odiada e evitada a todo custo!
Afinal, se antes de haver essa divergência de opinião, ela era querida e amada por todas as qualidades dela, por que agora odiá-la, somente por que ela pensa de forma diferente no quesito política, futebol ou religião?
Olhe para trás e perceba o que você está perdendo se distanciando das pessoas queridas apenas por divergências de opinião. Não é preciso se afastar delas e muito menos brigar com elas por pensarem diferente.
Por que não conversar e dizer o que você pensa sobre os aspectos ou atitudes delas que incomodam, de forma carinhosa, afetiva e construtiva, no sentido de manter essa relação feliz, sem raiva ou agressividade?
Somos seres sociais e precisamos de afeto. Está mais do que na hora de parar de se isolar nas suas opiniões! A solidão, mais cedo ou mais tarde vai chegar e você vai sofrer com a falta do convívio com essas pessoas queridas.
As Festas de Final de Ano se aproximam, Natal é momento de união, de estar com a família, de estar em comunhão com as pessoas, de celebrar a vida!
E a pergunta que não quer calar é: você vai continuar evitando o contato com aqueles que pensam de forma diferente da sua por quê?
Será que não está mais do que na hora de entender que o ódio não leva a lugar nenhum, que só colabora para mais problemas, sofrimento, isolamento e depressão?
Pessoas com mentes saudáveis aprendem a lidar com o diferente e se respeitam, apesar de não concordarem uns com os outros, debatendo as suas divergências com respeito, amor e muito afeto!
E o que importa nessa vida é que o amor prevaleça! Sempre!
Imagem: TV Globo
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