Saúde

Dr. Mauro: ginástica na maturidade

● Sempre é tempo para começar... temos muito pela frente

Mudou a percepção do idoso a respeito de si próprio, suas capacidades e limitações, e como a sociedade vê isso

Seria impossível imaginar, até há bem pouco tempo, que “jovens com mais de 60 anos” entrassem em uma sala de musculação, participasse de uma aula de dança, ioga, Pilates, as vovós usando collants coloridos e decotados, os vovôs bermudas e camisetas regata – atitudes e trajes até então exclusivos dos jovens assíduos frequentadores dos modernos e sofisticados templos de culto ao corpo, as academias de ginástica.

Mas a mudanças não param por aí, ter um computador de última geração, iPad, iPhone, participar das redes sociais, frequentar aulas de computação, estar inscrito nos cursos das universidades abertas para 3ª idade, acessar a internet, são atitudes e comportamentos comuns entre aqueles que já passaram dos 60 anos, estão começando o 3º tempo.

Sim, pois cumprimos somente uma parte do nosso tempo de vida e temos muito pela frente.

Grandes transformações

A imagem que tenho da minha avó Elisa, quando ainda criança, era daquela velha senhora nos seus quase 60 anos, com a coluna já arqueada pelos anos de trabalho, tricotando ou fazendo flores de pano, sempre usando roupas escuras.

E, mesmo que fosse verão, estava sempre de xale nos ombros ou com aquela blusinha de lã cor preta ou cinza e muito preocupada com o vento que entrava pela janela ou porta aberta dizendo para tomar cuidado com o golpe de ar…

Se a ciência e a tecnologia passaram por grandes transformações nos últimos anos, o comportamento, as atitudes, a forma de pensar e agir das pessoas acima de 60 anos também mudou.

Praticamente não existe mais o ficar em casa fazendo tricô, vendo TV, costurando, preparando os bolinhos de chuva para os netos.

E, enfim, os asilos deixaram de ser a única alternativa para os idosos, principalmente para aqueles que são saudáveis, independentes e acreditam que, apesar da idade, ainda têm muito a oferecer e, acima de tudo a usufruir os muitos anos que ainda lhes restam.

Maior interesse da sociedade

O que mudou, além da percepção do idoso a respeito de si próprio, das suas capacidades, limitações e direitos, é o surgimento de maior interesse e atenção por parte da sociedade para com ele. Alguns fatores, portanto, merecem ser citados, sob esse aspecto:

  • A medicina tem mostrado, por meio de pesquisas, que o corpo humano responde de forma satisfatória em qualquer idade e que vários órgãos e sistemas podem ser recuperados através de diversos procedimentos como alimentação equilibrada, ingestão de medicamentos, procedimentos cirúrgicos, administração do estresse, equilíbrio emocional e exercício físico regular.
  • As psicoterapias, dentre elas as corporais, por exemplo, têm sido reconhecidas como excelente alternativa para ajudar na recuperação do autoconceito e autoimagem do idoso.
  • Várias entidades têm criado espaços socioculturais que permitem a participação ativa dos idosos nos diferentes programas e eventos por elas organizados: Sesc, Sesi, ACM, Secretarias de Esportes, Academias de Ginástica, entre outras, são entidades que na sua programação oferecem diferentes atividades elaboradas especificamente para atender as necessidades e interesses dos “jovens e alegres velhinhos” – a integração social é um dos pontos que merecem destaque nessa iniciativa.
  • A criação da Academia Prateada – uma academia virtual, com a orientação do Prof. Dr. Mauro Guiselini e participação da Dona Lia Pedroso, uma jovem de 78 anos, e a colaboração do Prof. Ft. Rafael Guiselini, é um exemplo da utilização da internet, para a promoção da saúde e bem-estar dos prateados.

Truque novo

Neste quadro de grandes mudanças talvez a mais importante é saber que o ser humano, em qualquer idade, é capaz de mudar, basta querer, ter vontade de sair da suposta zona de conforto, da acomodação e da falsa sensação de incapacidade funcional.

O velho ditado popular “cachorro velho não aprende truque novo” não é verdadeiro para aquele indivíduo que tem disponibilidade, vontade de mudar, e que, muito embora seja um sexagenário, tem um grande potencial para continuar se desenvolvendo sob o ponto de vista físico, mental, emocional, social e espiritual.

A única coisa permanente na nossa vida é que mudamos sempre e, para tanto, é preciso ter coragem para mudar, mudar é se desenvolver e isto é possível ao longo de toda uma existência.

Basta querer, o seu corpo, a sua essência, vai agradecer.

Até o próximo encontro!

Imagem: Pax Bahia

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Então. Pois. Então. Pois. Então. Pois. Ginástica. Pois. Ginástica. Então. Ginástica.
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Dr. Mauro Guiselini

Mestre em Educação Física pela Universidade de São Paulo, Doutor em Ciências do Movimento Humano pela UNIMEP, tem especialização em Fitness Leadership pela AFAA (American Fitness Aerobic Association), Fitness Specialist for Older Adults, Biomechanics of the Resistance Training e Personal Fitness Specialist no The Cooper Institute em Dallas, Estados Unidos, e especialização em Functional Training pela National Strenght Condition Association

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