Comportamento

Dra. Olga: prisioneiros do medo

● Os receios são alertas úteis, mas pavores podem paralisar

Há pessoas que sofrem por antecipação e ficam imaginando o pior, sem que necessariamente tenha acontecido nada

O medo faz parte da vida, é instintivo, serve para nos proteger dos perigos e da possibilidade de algum tipo de sofrimento. Prisioneiros

O medo pode nos dominar e nos paralisar, impedindo de fazermos muitas coisas por causa dele; por outro lado, o medo nos serve de alerta para refletirmos e agirmos no sentido de prevenir ou de evitar algum tipo de sofrimento.

É graças aos medos que sobrevivemos e estamos vivos até hoje!

Uma criança pequena ainda não conhece os perigos e está na fase de se aventurar para conhecer o mundo que a rodeia: os pais ou responsáveis são seus guardiões, impedindo que ela se machuque ou provoque um dano irreparável para si mesma.

Ao longo da vida, vamos aprendendo a lidar com os medos que nos servem de alerta e seguimos vivendo, muitas vezes sem percebermos os nossos questionamentos internos diante dos medos que sentimos.

Se eu vou sair de casa e a previsão do tempo é de chuva ou frio e eu sinto medo de me resfriar, é natural levar comigo um guarda-chuva e uma blusa.

Mas eu não deixo de sair e de cumprir os meus compromissos porque as condições climáticas são ruins, eu apenas faço uso do lado bom do medo para me proteger e evitar me resfriar com a alteração climática.

Nas grandes cidades, os perigos e a possibilidade de sofrimento estão por toda parte e é natural sentirmos medo diante da violência urbana que acontece nas ruas dia após dia.

Assaltos, sequestros e tiroteios são cada vez mais comuns, revelando uma sociedade em decadência, onde a lei e a ordem são cada vez mais questionadas e desrespeitadas.

Além disso, o respeito e a gentileza tornam-se cada vez mais raros na interação entre as pessoas.

Ansiedade acima do normal

Mas isso deve ser motivo para nos paralisarmos diante do medo, ficarmos trancados dentro de casa e deixarmos de viver a nossa vida? Claro que não.

E é aqui que devemos refletir sobre a maneira como lidamos com os nossos medos: eles nos paralisam, nos acorrentam e nos impulsionam a permanecermos reclusos vendo a vida acontecer através das janelas, da televisão, do computador, do celular?

Ou os nossos medos podem nos servir de incentivo para nos protegermos ainda mais para podermos sair de casa com uma certa tranquilidade?

É fato que, quem se deixa paralisar pelos seus medos, acaba elevando o nível da sua ansiedade, muito acima do patamar normal e natural.

A ansiedade faz parte da vida e, quando ela permanece dentro do patamar considerado normal, traz motivação, energia e disposição para podermos encarar o nosso dia a dia.

Mas, quando somos dominados pelos nossos medos, a ansiedade se eleva muito acima do patamar normal, o que traz uma série de sintomas físicos e emocionais que, a longo prazo, podem colaborar para o desenvolvimento de crises de ansiedade, síndrome do pânico e da depressão.

Os sintomas físicos mais comuns são dores de cabeça, taquicardia, alteração do apetite (comer demais ou de menos), tensão ou dor muscular, problemas digestivos, queda de cabelo, diminuição da libido, entre outros.

Do ponto de vista emocional, surge a irritabilidade, alterações de humor, dificuldade para relaxar, para dormir, uma sensação de desesperança, cansaço, apatia e a mente é inundada por pensamentos negativos em relação a tudo.

Isso causa sofrimentos por antecipação: a pessoa sofre imaginando o pior, sem necessariamente ter acontecido nada.

Mas o mundo mudou!

E as pessoas idosas, que conviveram a maior parte de suas vidas num ambiente social mais tranquilo, mais respeitoso e sem tamanha violência, agora se sentem inseguras e dominadas por seus medos, sofrendo com eles. E o que fazer?

Costumo dizer que a vida é curta e que estamos aqui para sermos felizes.

Então, ao invés de sermos dominados pelos medos e deixarmos de viver a nossa vida em toda a plenitude, é preciso saber ouvir os alertas dos seus medos e buscar se proteger dos perigos, continuando a viver.

É preciso modificar alguns hábitos ao sair às ruas para a sua própria segurança, como evitar andar sozinho em locais desertos, manter-se atento ao seu entorno não expondo o seu celular, carregando consigo apenas o necessário e informando seus familiares e amigos do seu trajeto.

O uso de um apito ou de um alarme portátil é de grande utilidade quando você se sentir inseguro. Eu mesma já evitei um possível assalto assoprando meu apito quando percebi pessoas suspeitas vindo em minha direção.

Proteja-se, mas jamais fique trancado dentro de casa, como refém dos seus medos.

Perigos há por toda parte, mas não deixe que sua mente se torne sua inimiga, impedindo que você possa usufruir as boas coisas da vida que estão por aí.

Como diz Lulu Santos, “vamos viver tudo que há pra viver, vamos nos permitir”. E eu acrescento: “com cautela e segurança”. Sempre!

Imagem: Divulgação

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Então. Pois. Prisioneiros. Então. Pois. Prisioneiros. Então. Pois. Prisioneiros. Então. Pois. Prisioneiros. Então. Pois.
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Dra. Olga Tessari

Psicóloga (CRP06/19571), formada pela Universidade de São Paulo (USP), pesquisa e atua com novas abordagens da Psicologia Clínica em busca de resultados rápidos, efetivos e eficazes, voltados para uma vida plena e feliz; ama o que faz e segue estudando muito, com várias especializações na área; consultora empresarial, leva saúde emocional para as empresas; escritora, autora de 2 livros e coautora de muitos outros; realiza cursos, palestras e workshops pelo Brasil inteiro e segue atendendo em seu consultório ou online adolescentes, adultos, pais, casais, idosos e famílias inteiras que buscam, junto com ela, caminhos para serem felizes

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